Dados do Trabalho


Título

METASTASE DE CARCINOMA PAPILIFERO DA TIREOIDE PARA CALOTA CRANIANA E ACETABULO: RELATO DE CASO

Introdução

Embora o osso seja o segundo local mais comum para as metástases de carcinoma diferenciado da tireoide (CDT), elas são raras, ocorrendo em aproximadamente 4% de todos os pacientes. Pacientes com CDT e metástase a distância apresentam pior sobrevida global do que aqueles sem metástase, em média essa taxa diminui para 50% em 10 anos. Em virtude disso, o diagnóstico precoce é necessário para um prognóstico favorável.

Relato de Caso

Paciente feminina, 67 anos, do lar, moradora da zona urbana, natural da Bolívia, é atendida pelo serviço de neurocirurgia após surgimento e crescimento progressivo de nódulo em crânio há cerca de 1 ano, sendo submetida a procedimento cirúrgico com envio de material para estudo anatomopatológico (AP). Foi encaminhada para a equipe de cirurgia de cabeça e pescoço após exame revelar neoplasia epitelial de padrão sólido e tubular, infiltrando tecido fibroconjuntivo e ósseo sendo, ainda, caracterizada pela imuno-histoquímica como CDT. Ao exame, apresentava-se em bom estado geral, com tireoide aumentada de tamanho e superfície nodular, móvel a deglutição. Após retorno com resultado de exames, observou-se à ultrassonografia nódulo tireoidiano único em lobo esquerdo, com punção aspirativa por agulha fina Bethesda II. Além disso, apresentou à tomografia (TC) de tórax uma tireoide aumentada, difusamente heterogênea, associada a micronódulo em pulmão esquerdo de aspecto residual e à TC de abdome lesão osteolítica na parede medial do acetábulo direito, suspeito de lesão secundária. Devido aos achados, optou-se por tireoidectomia total (TT). No pós-operatório, paciente se mantém em uso de Levotiroxina sódica 100 mcg. Biópsia da peça cirúrgica revelou adenoma macro/microfolicular, negativo para malignidade. Com relação a lesão em acetábulo direito, foi realizada ressonância magnética com evidência de lesão óssea expansiva com cerca de 6 cm, além de cintilografia óssea revelando lesão mista (blástica e lítica), sugestiva de implante no mesmo local. Considerando a metástase óssea de carcinoma papilífero na calota craniana e a possibilidade de implante metastático no acetábulo, optou-se por encaminhar a paciente para iodoterapia.

Discussão

Como as metástases ósseas (MOs) em CDT são raras, elas acabam sendo pouco estudadas. Quando presentes, podem resultar em morbidades clinicamente significativas, como fratura, dor intensa, imobilidade, déficits neurológicos e piora da qualidade de vida. A única forma de melhorar o prognóstico desses pacientes é a detecção e tratamento precoce do CDT com TT acompanhada ou não de esvaziamento cervical, com taxa de sobrevida global em 5 anos de 99% e de 80-95% em 10 anos. O tratamento com iodo radioativo (IR) para aqueles com MOs que demonstram captação associado a ressecção, se mostra benéfico. Contudo, MOs que não são ávidas por IR, apresentam um pior prognóstico. Outras formas de tratamento de MOs resistentes ao IR são a Radioterapia por Feixe Externo (EBRT) e sistêmico.

Palavras Chave

Carcinoma papilífero; metástase óssea; radioiodoterapia.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

UFAC - Acre - Brasil

Autores

THAYSLENE CARVALHO BARBOSA, BEATRIZ MOREIRA FRANÇA, GABRIELLE BATISTA MOREIRA, PAULO RENAN SOUZA FIGUEIREDO, MÁRIO JORGE FERREIRA SILVA