Dados do Trabalho


Título

COLECISTITE XANTOGRANULOMATOSA: RELATO DE CASO

Introdução

A colecistite xantogranulomatosa(CX) é uma doença inflamatória crônica da vesícula biliar(VB), benigna e rara, tendo como diagnóstico diferencial o câncer de vesícula biliar(CVB), de difícil distinção por métodos de imagem. A CX apresenta morbidade significativa devido ao processo inflamatório crônico que pode acometer estruturas adjacentes.

Relato de Caso

ERNA, 50 anos, feminino. História prévia de dor biliar há 7 anos com múltiplas internações associadas. Em 2013, foi submetida à laparotomia subcostal direita com proposta de colecistectomia. Devido ao processo inflamatório intenso e suspeita de tumor de VB, a cirurgia foi interrompida, apenas biópsia realizada. Perdeu segmento no serviço de origem. Mantém sintomas intensos de dor recorrente no hipocôndrio direito(HD), hiporexia e perda ponderal desde então, sendo atendida no Ambulatório de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Universitário de Juiz de Fora em 08/2019. Ao exame físico, apresenta massa palpável HD. Traz consigo anatomopatológico da biópsia realizada em 2013 evidenciando processo inflamatório crônico inespecífico. Exames de imagem demonstram colecistolitíase, coledocolitíase e VB espessada com calcificações da parede e realce por contraste, interrogada neoplasia. Submetida à colangiopancreatografia retrógrada endoscópica com resolução da coledocolitíase. Colecistectomia realizada em 29/10/2019, sendo identificado no intraoperatório múltiplas aderências, VB aumentada, com paredes espessadas. Exame de congelação sem sinais sugestivos de neoplasia, apenas processo inflamatório. Colangiografia intraoperatória identifica dilatação importante do colédoco. Realizada hepaticojejunostomia em Y de Roux e ressecção em bloco da via biliar extra-hepática. Anatomopatológico sem sinais de malignidade.

Discussão

Na patogênese da CX há extravasamento de bile para a parede da VB, a partir da ruptura dos seios de Rokitansky-Aschoff ou por ulceração da mucosa, com processo inflamatório intersticial, fagocitose de lipídios biliares por fibroblastos e macrófagos, com formação de células do xantoma. A maioria dos pacientes apresenta colecistolitíase concomitante. Idade média de acometimento entre 44 a 63 anos, sendo os sintomas mais comuns dor abdominal no HD, náuseas e vômitos. No exame físico, sinal de Murphy positivo pode estar presente. Uma massa em HD é palpável em aproximadamente 10% dos pacientes, semelhante ao CVB. O exame de congelação é o melhor método para diferenciar CX de CVB, e orienta a técnica cirúrgica mais adequada. O diagnóstico de CX pode ser confirmado no exame anatomopatológico da VB após ressecção cirúrgica por hipótese de colecistite aguda. O tratamento de escolha para CX é a colecistectomia. A via laparotômica pode ser necessária pelo desafio técnico. Deve-se minimizar o extravasamento de bile no intraoperatório e ressecar estruturas adjacentes à VB afetadas. Uma secção congelada intraoperatória deve ser realizada para excluir malignidade, além de confirmação por análise histopatológica posterior.

Palavras Chave

Vesícula Biliar; Colecistite; Colecistectomia; Patologia.

Área

VIAS BILIARES

Instituições

Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ana Luísa Scafura da Fonseca, Ana Luíza de Castro Carvalho, Laryssa de Sá Bragança Gonçalves, Lucas Machado de Souza Vicente, Estevão Moreira David, Frederico Cantarino Cordeiro de Araújo