Dados do Trabalho


Título

LESAO EXTRAPERITONIAL DE RETO SECUNDARIA A TRAUMA ABDOMINAL FECHADO: RELATO DE CASO E REVISAO

Introdução

Apesar da alta morbidade e mortalidade associada, há falta de consenso e de estudos sobre as lesões traumáticas de reto. Sua abordagem diverge das lesões de cólon, sendo considerada uma entidade a parte. A infrequência dessa lesão, justificada pela proteção da pelve óssea, contribui para o problema. Estima-se menos de 1% de incidência nos pacientes vítimas de politrauma. O caso apresentado representa detalhes ainda mais particulares e raros: a localização extraperitonial e o mecanismo (trauma abdominal fechado). Tais aspectos permitem uma revisão ampla e aprofundada sobre o assunto.

Relato de Caso

Homem de 32 anos sofreu acidente de moto versus caminhão em 13/11/19, apresentando-se instável hemodinamicamente. Teve como diagnósticos: Fratura complexa de bacia, fratura de diáfise de tíbia direita, fratura de sacro à direita; fratura de ramo púbico direito, fratura de diáfise tíbia direita, lesão de uretra posterior, lesão de reto distal extraperitonial. Foi submetido no mesmo dia a laparotomia exploradora com tamponamento pélvico extraperitonial, transversostomia, cistostomia aberta, drenagem de espaço extraperitonial, fixação externa de bacia e de membro inferior direito. Submetido após dois dias a retirada de compressas, após cinco dias colocação de fixador externo supracetabular. Evoluiu com abscesso pélvico, infecção de ferida operatória, dor crônica nos membros inferiores (neuropatia do nervo femoral). Recebeu alta após 26 dias de internação hospitalar, ainda com fixação externa, cistostomia e transversostomia.

Discussão

O mecanismo mais comum do trauma de reto é por penetração anal, seguido de ferimento por arma de fogo, sendo o trauma abdominal fechado raro nesse contexto. As evidências são escassas. Estima-se até 10% de mortalidade e 21% de incidência de complicações atualmente. A sepse desempenha um papel importante, assim como as lesões urogenitais e vasculares frequentemente associadas. Contribui também o diagnostico tardio, suposto pela acurácia não tão desejada da tomografia, principalmente em um cenário de urgência, e pelo atualmente questionado toque retal no atendimento inicial ao politrauma. As controversas sobre o manejo envolvem a realização ou não de reparo primário, colostomia, seus critérios, tempo de reconstrução, lavagem do coto distal e drenagem do espaço perirretal. Eram antes padronizadas como os quatro “Ds” (“debridement, diversion, drainage, and distal washout”), que foi implantado durante períodos de guerra, quando essas lesões eram mais frequentes. A cirurgia de controle de danos contribuiu para mudar esse cenário, possibilitando uma reabordagem onde as condições são diferentes. As variáveis associadas, principalmente a localização anatômica e as lesões associadas, dificultam a implementação de um consenso. Esses aspectos serão abordados e comparados ao caso exposto.

Palavras Chave

Trauma de reto, lesão traumática de reto

Área

TRAUMA

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Gabriella Rosceli Campos Zerbetto, Jeammy Andrea Perez Parra, Renato Silveira Leal, Ana Beatriz Madeira Boffa, David Hamilton Cho