Dados do Trabalho


Título

APENDICECTOMIA EM RECEM-NATO DE 14 DIAS

Introdução

A apendicite neonatal (AN) é uma doença incomum e de difícil diagnóstico, devido a ausência de sinais e sintomas específicos. O principal diagnóstico diferencial é o da enterocolite necrosante (ECN), sendo que alguns autores consideram a AN uma forma limitada da ECN. A incidência de apendicite aguda em neonatos é de 0,04%- 0,2%.
A fisiopatologia da apendicite se dá por meio de uma obstrução luminal, característica provada há um século por Wangensteen. A apendicite aguda neonatal é rara pois o neonato tem fatores protetores para a doença: o decúbito do RN, o formato em funil do apêndice, a absorção quase completa do leite materno sem formar restos fecais e a exposição infrequente dos RN a agentes infecciosos associados a hiperplasia linfóide.

Relato de Caso

Paciente masculino, 14 dias, segundo gemelar, nascido de pré-termo 34 2/7 de parto vaginal com baixo peso. Nasceu cianótico e hipotônico, foi realizada avaliação e estímulo com boa resposta. Teve boa aceitação ao seio materno. No quinto dia de vida paciente teve vômito em grande volume de aspecto leitoso, hipotermia e distensão abdominal. Radiografia de abdome com distensão de alças de delgado e discreto edema de parede de alças. Hipótese de enterocolite e iniciado tratamento clínico. Manteve quadro de distensão abodminal e baixa aceitação alimentar, até que no 14º dia de vida paciente apresentava hiperemia em flanco direito, mais doloroso e quente, além de hiperemia periumbilical e instabilidade hemodinâmica. Indicada laparotomia exploradora, no intra operatório foi identificado apendicite perfurada. Feita biópsia seriada de cólon, apendicectomia com sutura a Parker-Kerr e realizada ileostomia em alça. Anatomopatológico da peça cirúrgica evidenciando apendicite aguda purulenta. Paciente teve trânsito intestinal reconstruído posteriormente

Discussão

A mortalidade por apendicite neonatal declinou no último século. Ayşe Karaman et al. avaliou a mortalidade em três períodos: entre 1901 a 1975 a taxa era de 78%, com redução para 33% entre 1976 e 1984 e por fim para 28% durante 1985 e 2003. Atribui-se a queda da mortalidade aos avanços na terapia antimicrobiana e nos métodos de diagnóstico por imagem. Entretanto, permanece uma mortalidade elevadíssima. Comparativamente, a taxa de mortalidade por apendicite em adultos é menor que 1%.
Determinadas circunstâncias contribuem para a alta mortalidade por AN, dentre elas o diagnóstico tardio, visto que não há sinais e sintomas específicos, a perfuração precoce do apêndice devido a sua fragilidade no RN, a incapacidade do omento subdesenvolvido em bloquear o local de infecção, a imaturidade do sistema imune e a baixa reserva fisiológica.
Nos casos de apendicite neonatal o diagnóstico tende a ser tardio e feito no intraoperatório, com elevada incidência de apendicite aguda perfurada e peritonite. É preconizada a apendicectomia e limpeza da cavidade com soro fisiológico morno. No pós operatório indica-se antibioticoterapia endovenosa e jejum enquanto paciente apresentar íleo adinâmico.

Palavras Chave

Apendicite aguda; apendicite aguda neonatal; abdome agudo

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

Universidade de Santo Amaro - São Paulo - Brasil

Autores

Eric Shigueo Boninsenha Kunizaki, Carla Micaele de Freitas, Juliana Paula Geissler, Ivlacir Idilhermano Vasques Silva, Bernardo Mazzini Ketzer, Naim Carlos Elias, Vanessa Martins de Freitas, Elias Jirjoss Ilias