Dados do Trabalho
Título
ESOFAGO NEGRO
Introdução
A esofagite necrotizante aguda, também conhecida como esôfago negro, é uma condição rara, com prevalência de 0,2%. Acomete mais homens, com pico de incidência após os 65 anos de idade. Foi descrita pela primeira vez no ano de 1990 por Goldenberg et al, sendo caracterizada por lesões enegrecidas, ulceradas e circunferenciais da mucosa esofágica. Sua etiopatogenia não é muito bem compreendida, mas há uma forte associação com condições que levam ao baixo fluxo sanguíneo, isquemia e necrose da mucosa do esôfago. Hematêmese e melena são os sintomas mais comuns. O esôfago negro é uma doença de difícil manejo com índice de mortalidade variando de 13 a 35%. O presente relato tem por objetivo descrever um caso dessa rara doença, com abordagem diferente da preconizada na literatura atual.
Relato de Caso
MAL, 75 anos, institucionalizado, deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Regional do Mato Grosso do Sul com história de dor abdominal e melena, associada a perda ponderal. Apresentava antecedentes de hipertensão, etilismo e tabagismo, mas não soube informar os medicamentos em uso. Apresentava-se em mau estado geral, sarcopênico, descorado 3+/4+, desidratado 2+/4+ e hipotenso (PA: 90 x 60 mmHg). Abdome escavado, doloroso à palpação profunda difusamente, sem massas palpáveis. Toque retal com melena em dedo de luva. Após as medidas iniciais de estabilização clínica procedeu-se à investigação diagnóstica. O hemograma evidenciou Hb: 7,2 mg/dl e Ht: 23,1%. Realizou Endoscopia Digestiva Alta (EDA), que mostrou necrose esofágica (Esôfago Negro), com estômago e o duodeno normais. Também foram realizadas tomografias de tórax, abdome e pelve, as quais excluíram a presença de neoplasia. Devido à impossibilidade de alimentação por via oral e do estado crítico do doente, foi indicada uma jejunostomia alimentar. Após o procedimento o paciente foi encaminhado para enfermaria, sendo reintroduzida a dieta no 1° PO pela jejunostomia. Em razão da sua boa evolução clínica recebeu alta no 2° PO para acompanhamento ambulatorial.
Discussão
Apesar de ser conhecido desde a década de 90, ainda não há consenso na literatura sobre a patogenia e manejo do esôfago negro. A maioria dos relatos publicados inferem que a gênese da doença está relacionada com as comorbidades do doente, tais como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, desnutrição, etilismo entre outros. Ademais, também é consenso o que o estado de hipofluxo e isquemia corroboram de forma significativa. O manejo dos pacientes acometidos pela esofagite necrotizante é focado no tratamento da doença de base, no aporte hidroeletrolítico adequado e no suporte nutricional. Alguns autores ainda defendem o uso de antibióticos de amplo espectro e que o tratamento cirúrgico ficaria reservado para as complicações, como perfurações e estenose. No presente relato descrevemos um manejo diferente dos descritos na literatura, o qual pode ser uma boa opção para doentes com estado nutricional crítico, acometidos pelo esôfago negro.
Palavras Chave
ESÔFAGO NEGRO; ISQUEMIA; TRATAMENTO
Área
ESÔFAGO
Instituições
Hospital Regional do Mato Grosso do Sul - Mato Grosso do Sul - Brasil
Autores
Marcos Alexandre Souza, Cassio Padilha Rubert, Otávio Augusto Rodrigues Dobbro