Dados do Trabalho


Título

MORBIMORTALIDADE MASCULINA POR CAUSAS EXTERNAS: UM INQUERITO COMPARATIVO ENTRE ACIDENTES DE TRANSITO E AGRESSOES NA ESFERA DA SAUDE PUBLICA BRASILEIRA

Objetivo

Acidentes de trânsito e violências físicas são noticiados diariamente, denotando o caráter cotidiano que os mesmos assumem na sociedade brasileira. Para além, é necessário frisar que a maioria das vítimas de tais ocorrências no Brasil são homens e, reconhecendo que muitos desses padecem nessas etiologias, é importante conhecer como essas relevantes causas externas de morbimortalidade masculina se relacionam sob a perspectiva da saúde pública. Assim, nosso objetivo é investigar a morbimortalidade masculina por acidentes de trânsito e por agressões no contexto da saúde pública.

Método

Estudo epidemiológico ecológico, com dados sobre homens brasileiros, elencados no DataSUS (SIH/SIM), de 2008 a 2018. A estatística foi executada pelo VassarStat (Vassar College/USA), considerando p<0,05 significativo. Cita-se que dentro dos acidentes de trânsito, excetuou-se ciclistas.

Resultados

De 2008 a 2018, houve 1.261.241 ocorrências de trânsito, com crescimento médio de +7,31%±0,09 ao ano, e 351.376 agressões físicas, apresentando crescimento médio de +5,8%±0,1 ao ano, na razão de 3,6:1 (p<0,05). Motociclistas computaram 60,7% das vítimas do trânsito (p<0,05), enquanto arma branca correspondeu a 29,6% das vítimas de agressão (p<0,05). Em mortalidade, identificou-se 19.833 óbitos por agressão, contra 40.257 por trânsito (p<0,05, OR=1,81). Tais óbitos cresceram a cerca de 2% e 5% ao ano, respectivamente, mas tal relação não foi significativa (p=0,5). A taxa de mortalidade foi mais correlacionada (p<0,05) às agressões (3,1±0,44), do que aos acidentes de trânsito (5,6±0,24). Trânsito e agressões apresentaram média de dias de internação de cerca de 6 dias (p<0,05). Internações por acidentes de trânsito oneram significativamente mais os cofres públicos (p<0,05), cifrando cerca de R$ 1,75±0,036 bilhões de reais, a despeito dos 550±13,5 milhões das agressões, com crescimentos anuais médio significativos, de +10%±0,14 e +11%±0,17, respectivamente (p<0,05 para ambos). Apesar do maior investimento financeiro, o valor médio pago por internação em acidente de trânsito foi de R$1.387,56±86,90, menor do que o R$1.561,91±205,29 pago por internamento de agressão (p<0,05).

Conclusões

Homens padeceram consideravelmente mais por traumas advindos do trânsito, do que oriundos de violências. Tal fato pode estar relacionado à maior exposição diária destes indivíduos ao trânsito, como pedestre, motorista ou motociclista. Apesar disso, a taxa de mortalidade foi superior para agressões, o que pode relacionar-se à intencionalidade do ato violento. Outrossim, nota-se necessidade de especial atenção aos acidentes de trânsito, que demonstraram o triplo dos custos de sua contraparte. O crescimento anual das ocorrências analisadas sugere falhas ainda sensíveis das políticas de redução de acidentes e violências e, apesar dos nossos achados sugerirem que acidentes de trânsito trazem maior impacto, ambas as causas precisam de ações mais eficientes para alcançarmos melhores desfechos

Palavras Chave

Trauma, Epidemiologia, Gênero

Área

TRAUMA

Instituições

Universidade do Estado da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

Adriano Tito Souza Vieira, JOÃO HENRIQUE FONSECA DO NASCIMENTO, Benjamim Messias de Souza Filho, Iago Miranda Oliveira Dorea, Bernardo Fernandes Canedo, André Bouzas de Andrade, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueira, André Gusmão Cunha