Dados do Trabalho


Título

ILEO PARALITICO E SEU IMPACTO NA MORBIMORTALIDADE CIRURGICA HOSPITALAR BRASILEIRA

Objetivo

O quadro de íleo adinâmico se refere ao estado funcional de má propulsão e prejuízo do trânsito do intestino delgado, o que, dentro da emergência, pode se manifestar como um abdome agudo pseudo-obstrutivo e acometer qualquer parte intestinal. O referido quadro simula abdome agudo obstrutivo, com etiologia funcional não-anatômica. Clinicamente, o paciente se apresenta de maneira muito semelhante às obstruções mecânicas, sendo igualmente grave e letal. Assim sendo, é de importância ímpar conhecer o impacto epidemiológico imposto pelo íleo adinâmico dentro das urgências/emergências brasileiras. Assim, objetiva-se analisar criticamente os quadros de íleo paralítico em urgência, no Brasil.

Método

Estudo epidemiológico, de caráter ecológico, com dados do Brasil elencados no DATASUS (SIH/SUS), no período de 2008 a 2018. Foi utilizado o VassarStats - Statistical Analysis (Vassar College, USA) para análise estatística, considerando p<0,01 significativo.

Resultados

De 2008 a 2018, houve 395.306 internações associadas ao quadros de íleo paralítico, com médias anuais de 35.937±908,7 casos/ano, sendo que destas, 89,1% (352.150) foram em caráter de urgência e 10,9%, (43.107) eletivas. Sobre a urgência, foi observado média anual de 32.014±961,6 casos/ano, significativamente superior (p<0,01) a média das eletivas (3.919±305,4). Em relação aos óbitos, a urgência computou 93,1% da mortalidade, com média de 3.790±404,7 mortes/ano, superior (p<0,01) as fatalidades eletivas (6,9%), com média de 279±38,7 mortes/ano. Ainda nesta análise, observou-se estatiscamente maior risco associado aos quadros de íleo em urgência, do que eletivo (p<0,01; OR=1,75 [1,68-1,8]). Ademais, notou-se considerável crescimento de 2,78%±0,036 ao ano sob as taxas de mortalidade associada aos quadros de urgência (p<0,01). No tocante a gênero, o sexo masculino apresentou maior frequência de internamentos, responsável por 53,5% dos casos, com média de 17.140±612,3 casos/ano, sendo este dado estatisticamente superior (p<0,01), do que casos femininos (46,5% - 14.873±389,5 casos/ano). Todavia, essa correlação não foi observada na avalição das médias de mortalidade (p=0,51) para homens e mulheres. Em relação a faixa etária, indivíduos acima de 70 anos de idade, além de computarem a maior parcelas da mortalidade hospitalar em urgência (49,0% dos casos) e maior média anual de casos (1.859±268,2 óbitos/ano), apresentaram significativamente maior risco de morte do que os grupos de 40 a 49 anos (p<0,01), 50 a 59 anos (p<0,01) e até 60 a 69 anos (p<0,01).

Conclusões

Nosso trabalho evidencia importante risco de mortalidade associado aos quadros de íleo paralítico em caráter de urgência, além de sua importante relação com os idosos, os quais computaram consideráveis taxas de internamento e mortalidade. Por fim, novos olhares devem ser lançados sobre as condutas de investigação e manejo do íleo adinâmico, tendo em vista o envelhecimento e a inversão da pirâmide etária brasileira

Palavras Chave

Emergência Cirúrgica, Íleo Paralítico, Idosos

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Universidade do Estado da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

JOÃO HENRIQUE FONSECA DO NASCIMENTO, Adriano Tito Vieira Souza, Benjamim Messias de Souza Filho, Iago Miranda Oliveira Dorea, André Gusmão Cunha, Bernardo Fernandes Canedo, Monique Magnavita Borba da Fonseca Cerqueira, André Bouzas de Andrade