Dados do Trabalho


Título

CARCINOMA DE PARATIREOIDE: RELATO DE CASO

Introdução

O carcinoma de paratireoide é uma neoplasia endócrina rara, correspondendo a menos de 1% das causas de hiperparatireoidismo primário. Menos de mil casos ja foram descritos desde 1904. Não há predileção por sexo e ocorre mais comumente entre a quarta e quinta década de vida.
É uma neoplasia de alta agressividade, com recidivas locais, mas a maioria dos pacientes que vão a óbito por esta condição, é em decorrência da hipercalcemia de difícil manejo.

Relato de Caso

Paciente masculino, 63 anos, hipertenso, com queixas de perda de força muscular em membros inferiores, associado a perda de peso e adinamia. Fez uso de calcitonina e cinacalcete com melhora parcial da hipercalcemia. Evolui com intensificação da perda de força muscular e disfagia alta.
Ao exame físico foi notado a presença de massa cervical em nível IV a direita, endurecida de aproximadamente 5 cm, fixa e com ausência de linfonodos cervicais palpáveis. Ultrassonografia cervical evidenciando nódulo heterogêneo sólido/cístico em topografia de paratireoide direita medindo 5,0x5,4x4,4,cm. A cintilografia com Sestamibi demonstrou volumoso tumor com acúmulo heterogêneo do traçador no polo inferior do lobo direito da tireoide.
Realizado ressecção em monobloco após estabilização hemodinâmica. O exame anatomopatológico confirmou carcinoma de paratireoide.

Discussão

A patogênese do câncer de paratireoide é desconhecida. Pode ocorrer esporadicamente ou como parte de uma síndrome genética.
Pacientes com carcinoma de paratireoide, diferentemente dos portadores de adenoma de paratireoide, são frequentemente sintomáticos. Isto se deve pela maioria dos tumores serem hormonalmente funcionais.
A maioria dos sintomas está relacionada à hipercalcemia, que incluem náuseas e vômitos, mal-estar, distúrbios do humor, fadiga e perda de peso. Nos exames laboratoriais, os níveis de cálcio costumam estar muito elevados, normalmente acima de 14mg/dL, enquanto na doença benigna dificilmente ultrapassam 11.2mg/dL. O USG cervical com tumor maior que três cm, lobulação com padrão não homogêneo, hipoecogenicidade acentuada, alterações degenerativas, calcificações e sinal do halo irregular podem levantar suspeitas desta neoplasia. A cintilografia com sestamibi detecta tecido paratireoidiano ectópico. A paratireotoxicose (também conhecida como crise hipercalcêmica, tempestade da paratireoide ou hiperparatireoidismo agudo) é uma emergência médica. É mais comum devido a um carcinoma funcionante de paratireoide do que em lesões benignas da paratireoide. Pacientes podem exibir estado mental alterado e fraqueza profunda, acompanhada de hipercalcemia e azotemia. Nestes casos, os pacientes devem ser estabilizados antes da intervenção cirúrgica. A ressecção cirúrgica completa com margens negativas oferece a melhor chance de cura e, é recomendado como um padrão-ouro. O prognóstico do carcinoma de paratireoide é bastante variável.

Palavras Chave

Carcinoma de paratireoide, Hipercalcemia, Paratireotoxicose

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Fundação Centro Médico de Campinas - São Paulo - Brasil

Autores

Pedro Henrique Martins de Oliveira, Safira Martha Azevedo de Castro, Rebeca Maria de Oliveira Dias, Priscila Costa Tincani, Alfio José Tincani, Mayara de Lima Bueno