Título

PERFIL DOS PACIENTES INTERNADOS EM UM ANO PELA CIRURGIA GERAL E SEU IMPACTO EM UMA INTERNAÇAO PROLONGADA

Objetivo

Estudar uma amostra com longa permanência hospitalar, durante um ano, a fim de identificar perfis para diminuir o impacto nessa permanência.

Método

Estudo transversal, analítico, descritivo e retrospectivo realizado no Conjunto Hospitalar do Mandaqui, a partir da coleta de dados fornecidas pelo setor de controle de dados hospitalares, análise de prontuário eletrônico e evoluções médicas durante um ano. Utilizou-se o programa SPSS®STATISTICS para avaliações estatísticas. Para determinação da amostra usou-se um histograma da amostra global de 1749 pacientes no período, selecionou-se os 5% que mais tempo permaneceram no hospital (87 pacientes), aplicou-se os critérios de inclusão e exclusão que resultou-se em 35 indivíduos.

Resultados

A amostra de pacientes, incluídos no trabalho (N=35), com longa permanência hospitalar, definida nesse estudo como sendo maior de 21dias, apresentou idade média de 56,23anos, distribuição entre os sexos semelhantes, tempo médio de internação hospitalar de 33,89dias, sendo uma média de 315,94horas na UTI, permaneceu de jejum via oral por mais que 13dias, um terço evoluiu para óbito enquanto dois terços receberam alta hospitalar, o número de cirurgias eletivas foram semelhantes aos de urgência ou emergência, apesar das internações de urgência serem 74% da amostra, a maior parte dos doentes (51,43%) são portadores de neoplasia, apenas um terço foi avaliado pelo serviço de nutrologia, 60% evoluíram com sepse, mais da metade (54,29%) foi submetida a reabordagem cirúrgica, 40% tiveram fístula anastomótica, houve infecção de sítio cirúrgico superficial em 25,57% e profundo em 37,14% dos pacientes, 34,29% evoluiu com eventração ou evisceração, 54,29% com seroma, e pneumonia ocorreu em 40% dos casos.

Conclusões

O tempo médio de internação hospitalar, de permanência em UTI e de jejum foram muito a cima daqueles verificados na literatura, o que aumenta morbimortalidade e custo hospitalar. A avaliação nutricional desses pacientes tem índice muito baixo, e aponta um déficit no manejo clínico. O preparo cirúrgico de pacientes eletivos é fundamental para o bom desempenho. A maior parte é composta por paciente com neoplasia e não possuir acompanhamento oncológico no serviço pode interferir negativamente na evolução. Apesar de apenas a infecção de sítio cirúrgico profunda, de complicações cirúrgicas, ter havido correlação significativa com aumento no tempo de internação nesse trabalho, a literatura mostra que todas devem ser evitadas para diminuir morbidade e mortalidade. O uso de drenos deve ocorrer apenas quando imprescindível por aumentar o tempo de internação. As comorbidades clínicas, apesar de não ter tido significância nesse trabalho, devem ser controladas durante o peri-operatório. Para diminuir o tempo de internação hospitalar prolongado deve-se: aperfeiçoar os registros hospitalares; otimizar os cuidados peri-operatórios; e aplicar escalas de complicações para monitorizar o impacto dos resultados das mudanças no manejo.

Palavras Chave

Cirurgia Geral, Permanência prolongada, Complicações cirúrgicas, administração hospitalar, segurança do paciente, Interdisciplinariedade.