Dados do Trabalho


Título

DOR EM FOSSA ILIACA DIREITA APOS APENDICECTOMIA: UM DILEMA PARA OS CIRURGIOES

Introdução

Apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico em todo o mundo. Dentre as complicações possíveis, uma extremamente rara, porém bem descrita na literatura, é a apendicite de coto apendicular. caracterizada pela inflamação do apêndice remanescente após realização de apendicectomia. Dados da literatura apontam uma incidência de 1:50.000 casos submetidos à cirurgia. Por ser uma patologia de difícil diagnóstico, devido à baixa prevalência e histórico de apendicectomia prévia, seu diagnóstico pode ser atrasado com piora no desfecho do doente. Objetivo: relatar o caso de um paciente com apendicectomia laparotômica prévia, que apresentou quadro de dor em fossa ilíaca direita e sinais inflamatório.

Relato de Caso

Paciente masculino, 48 anos, deu entrada no pronto-socorro referindo dor periumbilical há 5 dias que migrou para fossa ilíaca direita com piora progressiva, hiporexia e sudorese com calafrios. Referiu também diarreia no início do quadro. De antecedentes apenas uma apendicectomia lapatorômica em 1996. Na admissão apresentava-se afebril, estável hemodinamicamente, incisão de McBurney, dor abdominal difusa à palpação, pior em fossa ilíaca direita com descompressão brusca positiva e presença de massa palpável, além de exames laboratoriais com discreta leucocitose e PCR aumentado. Realizou TC de abdome contrastado que evidenciou espessamento do apêndice, densificação da gordura peri-ceco-apendicular e sinais de diminutos focos de pneumoperitônio bloqueado adjacente, além de doença diverticular dos cólons. Aventou-se diagnóstico de apendicite de coto e diverticulite de ceco, sem complicação grave, e paciente em bom estado geral, optou-se por internação e tratamento clínico com antibioticoterapia parenteral. Paciente evoluiu com melhora do quadro álgico e laboratorial após 24 horas, aceitando reintrodução de dieta. Realizou tomografia abdominal de controle 3 dias após a imagem inicial, que evidenciou densificação adiposa pericecal com aumento numérico linfonodal, não se evidenciando pneumoperitônio ou coleção líquida adjacente. Devido à boa evolução, optou-se por alta hospitalar com antibiótico terapia domiciliar até retorno ambulatorial.

Discussão

As duas principais hipóteses diagnósticas para o caso foram a apendicite de coto (história de apendicectomia prévia) e diverticulite de ceco (doença diverticular dos cólons). Devido à apresentação clínica favorável, optou-se pelo tratamento conservador com boa evolução do quadro. A tomografia foi essencial para o diagnóstico e controle de evolução, bem como a colonoscopia de segmento para excluir neoplasia. Importante ressaltar que ainda é controverso se a apendicectomia por vídeo tenha maior relação, sendo no caso atual a cirurgia prévia aberta. A hipótese de diverticulite aguda do cólon direito também seria factível, embora no nosso meio seja bastante rara. Importante aspecto prático é que, se este paciente necessitasse da resolução cirúrgica de urgência, provavelmente seria realizado uma colectomia direita.

Palavras Chave

Apendicite; Apendicite de coto; Diverticulite de ceco; Abdome agudo cirúrgico

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Instituto do Servidor Público Estadual - IAMSPE - São Paulo - Brasil

Autores

Carolina Sabadoto Brienze, Emília Virgínia Lima Curvelo Fontes, Adrieli Heloísa Campardo Pansani, Raul Loures, Zêmia Maria Câmara Costa Ferreira, Flávia Rocha Nerone, Thereza Cristina Carvalho Kalmar, José Francisco Mattos Farah