Dados do Trabalho
Título
PROPELLER FLAP PARA RECONSTRUÇAO DE SEQUELA TRAUMATICA DE MEMBRO INFERIOR
Introdução
O retalho em hélice, ou propeller flap, é um tipo de retalho local baseado em vasos perfurantes. Apresenta diversas vantagens, como a reconstrução de tecidos semelhantes ao original, menor morbidade da área doadora, manutenção dos principais vasos da região e a possibilidade de amplo arco de rotação (até 180º). Entretanto, estão sujeitos a complicações, sendo a mais preocupante a necrose parcial ou total do retalho.
Relato de Caso
Paciente do sexo masculino, 35 anos, vítima de atropelamento em 2002, com fratura exposta de tíbia e fíbula esquerdas. Atendido em outro serviço e submetido à colocação de fixador externo para estabilização das fraturas. Realizou troca do fixador externo para placa e parafuso em 2003. Evoluiu no pós-operatório com osteomielite crônica, necessitando de desbridamento em 2004. Após resolução do processo infeccioso, foi ainda submetido à alongamento ósseo. Encaminhado em 2016 para avaliação pelo serviço de cirurgia plástica da UNIFESP por apresentar lesão ulcerada na transição do terço médio para distal da face anterior da perna esquerda, de difícil cicatrização. A lesão apresentava tecido de granulação e não havia sinais flogísticos. Realizada biópsia incisional da lesão, com resultado negativo para malignidade. Negava tabagismo, em tratamento para hipotireoidismo, sem outras comorbidades. Optado então por ressecção da úlcera e área cicatricial, com cobertura através de retalho propeller. A cirurgia foi realizada em 06/07/16, com mapeamento prévio das perfurantes próximas à lesão com doppler portátil. Planejado retalho em hélice baseado em vasos perfurantes da artéria tibial posterior com 16 x 6 cm. A dissecção do retalho foi subfascial até identificação da perfurante mais calibrosa próximo à lesão. Após dissecção cuidadosa da mesma, o retalho foi rodado 180o para cobertura do defeito. A área doadora foi fechada primariamente após colocação de dreno de sucção por pressão negativa. O paciente apresentou boa evolução no pós-operatório, recebendo alta no dia seguinte a cirurgia. Não houve nenhuma complicação durante o seguimento.
Discussão
Retalhos em hélice reduzem o tempo cirúrgico, dias de internação e custos. Todavia, não são isentos de complicações, encontra-se a ocorrência de necrose parcial de 10,5 a 11% e total de 1 a 5%. Outras complicações descritas são epidermólise (3,5%) e congestão venosa transitória (3%). No caso descrito, evoluiu sem complicações. Classicamente, os defeitos de membro inferior, principalmente no terço distal, têm indicação de reconstrução com retalhos microcirúrgicos. Os retalhos propeller podem ser uma alternativa nestes casos, principalmente em defeitos pequenos e moderados. Ainda não existem trabalhos comparando diretamente estas duas técnicas, mas algumas informações importantes já estão disponíveis, como a semelhança entre os percentuais de necrose total entre as técnicas.
Palavras Chave
Propeller flap, sequela traumática, cirurgia reconstrutiva.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA
Instituições
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo / EPM - Escola Paulista de Medicina - São Paulo - Brasil
Autores
Gabriela Fernanda Riboli, Pedro Norton Gonçalves Dias, Roney Gonçalves Fechine Feitosa, Lydia Masako Ferreira