Dados do Trabalho


Título

REIMPLANTE DE SEGMENTO DO PAVILHAO AURICULAR APOS AMPUTAÇAO TRAUMATICA POR MORDEDURA CANINA: RELATO DE CASO

Introdução

A amputação traumática do pavilhão auricular, seja total ou subtotal, acarreta grandes perdas funcionais e estéticas a vida do paciente. O pavilhão auricular é considerado uma região desprotegida em virtude da sua proeminência, tornando-a mais suscetível a lesões. A orelha é considerada uma estrutura muito complexa, com cartilagem elástica delicada envolta por subcutâneo muito fino. Por isso, geralmente uma lesão que atinja e provoque a perda estrutural do pavilhão auricular é considerada um desafio e exige experiência e criatividade por parte do cirurgião que irá ser encarregado do tratamento.

Relato de Caso

Paciente I.S.G, sexo masculino, 26 anos, procedente de Canoas-RS, foi atendido no pronto socorro do Hospital de Canoas apresentando perda traumática de segmento posterior da orelha esquerda por mordedura de seu próprio cão, apresentando 2 horas de evolução. Paciente recuperou e trouxe consigo o segmento do pavilhão auricular que havia sido amputado. Em um primeiro momento, o paciente foi submetido ao bloqueio anestésico dos nervos auricular maior e auriculotemporal com o uso de Xylocaína 2% sem vasoconstritor. Logo em seguida, foi realizado o debridamento conservador e a esqueletização do segmento que havia sido amputado para posterior realização do reimplante. Posteriormente, usou-se a incisão em região mastoidea para a realização do sepultamento da cartilagem auricular e foi realizada a sutura da área cruenta, utilizando nylon 4.0 sem tensão. Realizou-se antibioticoterapia por 7 dias, além do uso de creme de sulfadiazina de prata 1% por 5 dias. Após 12 semanas, o paciente foi submetido a liberação do arcabouço com enxertia de pele da mastoide e confecção do sulco retroauricular. O paciente evoluiu com boa cicatrização e viabilidade total da orelha, sem apresentar pontos de isquemia ou necrose.

Discussão

As deformidades auriculares causam ao indivíduo grande prejuízo funcional e social. Como consequência, muitas técnicas para a reconstrução do pavilhão auricular foram desenvolvidas, como o uso de materiais aloplásticos e o enxerto de cartilagem costal. Todavia, ambas as técnicas apresentam pontos negativos que devem ser considerados no momento da intervenção, o uso de materiais aloplásticos está fortemente relacionado a casos de extrusão da prótese e em casos de uso de cartilagem costal, além de ser necessário uma cirurgia de maior porte, geralmente não apresentam resolução imediata. Por isso, quando viável, a realização do reimplante do segmento amputado demonstra ser uma técnica com menos consequências negativas ao paciente e, por usar a cartilagem do indivíduo, demonstra resultados mais semelhantes ao anatômico, devendo sempre ser considerada quando existe a possibilidade. Portanto, a técnica do reimplante da cartilagem auricular demonstra ser a melhor opção de escolha quando viável, restringindo o procedimento ao local da lesão sem a necessidade de enxertos adicionais.

Palavras Chave

reimplante auricular, pavilhao auricular, lesão traumática

Área

CIRURGIA PLÁSTICA

Instituições

Hospital de Pronto Socorro - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

João Vitor Dal Ponte Zatt, Ignacio Salonia Goldmann, Bernardo Rivera Fernandes Severo, Giovanni Reveilleau Dallapicola, Eduarda Rodrigues Bonamigo, Stefano Almeida Thofehrn, Matheus Alexandre Barbosa da Silva, Paulo Favalli