Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE LESAO DA ARTERIA SUBCLAVIA APOS TRAUMA CERVICAL PENETRANTE: UM RELATO DE CASO

Introdução

A TRAUMÁTICA DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA É UM EVENTO RARO, SEJA DECORRENTE DE UM MECANISMO CONTUSO OU PENETRANTE.
É UM VERDADEIRO DESAFIO PARA O CIRURGIÃO, SEJA NA HORA DO DIAGNÓSTICO DEVIDO SUA APRESENTAÇÃO POUCO TÍPICA OU ATÉ MESMO DESPERCEBIDA NO TRAUMA MULTISSISTÊMICO, SEJA PELA COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES ANATÔMICAS DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA, RIGIDEZ DA CAIXA TORÁCICA E POR VEZES COMORBIDADES ASSOCIADAS

Relato de Caso

MULHER, 46 ANOS, VÍTIMA DE FERIMENTO POR ARMA BRANCA NA REGIÃO CERVICAL (ZONA II) E NA TRANSIÇÃO TORACOABDOMINAL, AMBOS À ESQUERDA, DEU ENTRADA NO CENTRO DE TRAUMA ESTÁVEL HEMODINAMICAMENTE, SEM SANGRAMENTO ATIVO. SUBMETIDA À DRENAGEM TORÁCICA A ESQUERDA, COM SAÍDA DE 300ML DE CONTEÚDO HEMÁTICO, DEVIDO ACHADOS DO EXAME FÍSICO COMPATÍVEIS COM HEMOTÓRAX.
PARA COMPLEMENTAR A AVALIAÇÃO FOI REALIZADO TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDÔME E TÓRAX, ANGIOTOMOGRAFIA DE CARÓTIDAS, SERIOGRAFIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA.
OS ACHADOS RADIOLÓGICOS E ENDOSCÓPICO NÃO MOSTRARAM LESÕES ABDOMINAIS OU ESOFÁGICAS, PORÉM CONFIRMARAM O HEMOTÓRAX À ESQUERDA, ALÉM DE IRREGULARIDADES COM TROMBOS NA ARTÉRIA SUBCLÁVIA ESQUERDA, SUGERINDO LACERAÇÃO.
FOI INDICADO VIDEOTORACOSCOPIA PARA MELHOR AVALIAÇÃO DA LESÃO NA TRANSIÇÃO TORACOABDOMINAL E ARTERIOGRAFIA PARA A LACERAÇÃO DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA. A VIDEOTORACOSCOPIA AFASTOU LESÃO DIAFRAGMÁTICA E POSSIBILITOU ASPIRAÇÃO DE COÁGULOS. APÓS PROCEDIMENTO FOI MANTIDA A DRENAGEM TORÁCICA EM SELO D’AGUA.
A ARTERIOGRAFIA EVIDENCIOU FALHA NO ENCHIMENTO DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA ESQUERDA DE CERCA DE 10MM DE EXTENSÃO, COMPATÍVEL COM DISSECÇÃO ARTERIAL, COM INFLOW PRESERVADO. FOI REALIZADO ANGIOPLASTIA COM STENT AUTOEXPANSÍVEL 8X40MM PARA A CORREÇÃO DA FALHA.
DOENTE EVOLUI SEM COMPLICAÇÕES E RECEBEU ALTA NO 4º PÓS OPERATÓRIO COM SEGUIMENTO AMBULATORIAL.

Discussão

UMA DAS OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA LESÕES DA ARTÉRIA SUBCLÁVIA É A ABORDAGEM CIRÚRGICA ABERTA, QUE REQUER INCISÃO AMPLA PARA GARANTIR CONTROLE DISTAL E PROXIMAL, O QUE DE CERTA FORMA É MUITO INVASIVO, TECNICAMENTE DIFÍCIL, ALEM DE ESTAR ASSOCIADO À ALTA MORBIDADE. PARA GARANTIR O CONTROLE PROXIMAL E DISTAL DOS VASOS POR VIA ABERTA CONVENCIONAL, MUITAS VEZES É NECESSÁRIA UMA ESTERNOTOMIA MEDIANA, TORACOTOMIA ANTERIOLATERAL OU ATÉ UMA EXPOSIÇÃO TRANSCLAVICULAR.
A ABORDAGEM ENDOVASCULAR CRESCE CONSTANTEMENTE E É UMA OPÇÃO QUANDO TEM O RISCO DE ISQUEMIA DE EXTREMIDADE OU CEREBRAL.TEM GANHADO ESPAÇO NESTE CONTEXTO ONDE A VIA ABERTA É TECNICAMENTE DESAFIADORA E A TAXA DE MORTALIDADE É ALTA, POR VOLTA DE 30%.
O REPARO ENDOVASCULAR DEPENDE DO MECANISMO E DA EXTENSÃO DE LESÃO, SENDO O USO DE STENT CORRELACIONADO AO MENOR TEMPO CIRÚRGICO (MENOR EXPOSIÇÃO ANESTÉSICA), MENOS INFECÇÃO NO SÍTIO OPERATÓRIO E MENOR PERDA SANGUÍNEA.
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES SÃO A OBSTRUÇÃO DE UMA COLATERAL IMPORTANTE COMO A ARTÉRIA VERTEBRAL, FRATURA DO STENT, ALÉM DE QUE A DURABILIDADE NÃO É BEM DEFINIDA

Palavras Chave

LESÃO DE SUBCLAVIA, ENDOVACULAR, TRAUMA

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - HCRPUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Del Ciampo Silva, Juliana Hernandes Seribeli, Guilherme Seronni, José Augusto Pezati Tenani, Rafael Borella Pelosi, Maurício Godinho, Luis Donizeti da Silva Stracieri, GILFRED CANUTO PEREIRA