Dados do Trabalho


Título

USO DE RETALHO DE BERNARD-WEBSTER PARA RECONSTRUÇAO DE LABIO INFERIOR

Introdução

O carcinoma de células escamosas ou carcinoma espinocelular (CEC) é a neoplasia maligna mais frequente dos lábios, com predomínio do lábio inferior em 90% dos casos. A etiologia está relacionada diretamente à exposição solar, etilismo, tabagismo, imunossupressão e infecção crônica pelo vírus papiloma humano (HPV). Tem maior prevalência em indivíduos do sexo masculino e por ser um câncer agressivo necessita de tratamento precoce. Como primeira linha de tratamento tem-se a exérese, ainda que represente um desafio para o cirurgião plástico, uma vez que a região labial é de grande importância funcional e estética.

Relato de Caso

Paciente do sexo masculino, 78 anos, branco, tabagista, funcionário em uma fazenda (grande exposição ao sol), apresentou lesão ulcerada em lábio inferior com evolução de cerca de 6 meses. Atendido no Hospital Municipal de Rio Verde e submetido, pela equipe de cirurgia plástica, à ressecção total ( pele, subcutâneo, musculatura e mucosa ) ampla da lesão ulcerada com margens de segurança em lábio inferior, com posterior reconstrução deste com a técnica do retalho de Bernard-Webster. O exame de anatomopatológico realizado após a ressecção utilizando técnica de congelação confirmou o diagnóstico pré-operatório de CEC.

Discussão

Na reconstrução labial não existe técnica ideal que apresente apenas benefícios. Em situações em que os tumores são de maior dimensão e que após a excisão cirúrgica originam defeitos superiores a 50% do comprometimento do lábio, as técnicas mais empregadas são retalhos de Karapandzic e de Bernard-Webster.
A técnica de Bernard-Webster foi inicialmente criada em 1853 por Bernard e descrita como uma incisão triangular de espessura total (triângulos de Burow) nos sulcos nasolabiais, o que permite o avanço medial de retalhos malares. Em 1960 a abordagem foi modificada por Webster e a incisão triangular passou a ser de espessura parcial e os retalhos de mucosa, bem como os princípios de Schuchardt, foram aplicados para a reconstrução do vermelhão labial e para o avanço da região cutânea paranasal, respectivamente.
A utilização de tal retalho corroborou com Siqueira et al. 2012 o qual utilizou a técnica de Bernard-Webster na reconstrução labial de paciente com lesão de 90% da superfície total do lábio inferior.
O método corporifica, ainda, com Brinca et al. 2011 que utilizou a técnica de retalho em dois pacientes portadores de CEC, de 43 e 57 anos, ambos tabagistas e etilistas.
Essa técnica de retalho tem as vantagens de ser um procedimento realizado em tempo único, abranger defeitos labiais totais e subtotais e não produzir microstomia. Entretanto, pode acarretar incontinência do esfíncter oral e retenção labial inferior em relação à posição esperada.
No presente caso observou-se preservação da mobilidade do lábio inferior, da sensibilidade e da continência alimentar pelos lábios. Portanto, a escolha da técnica utilizada na presente reconstrução de lábio inferior visou proximidade anatômica e cura da lesão.

Palavras Chave

Cirurgia plástica, Carcinoma de Células Escamosas, Retalho Miocutâneo.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA

Instituições

Universidade de Rio Verde - Goiás - Brasil

Autores

Gabriel Antunes Sousa Silva, Andressa Ribeiro da Costa, Nicole Nogueira Cardoso, Laíne Ribeiro Antonelli, Adriany Brito Sousa, Mayara Gois Cardoso, João Victor de Jesus Franco, Luiz Gustavo Sousa Manhães