Dados do Trabalho
Título
A PANDEMIA DO CORONAVIRUS E A INFLUENCIA NA APRESENTAÇAO DOS CASOS DE APENDICITE AGUDA
Objetivo
Devido à pandemia causada pelo COVID-19, os fluxos de atendimento em saúde por todo o globo foram alterados. Existiu uma preocupação de que as dificuldades de acesso às unidades de saúde ocasionassem piores desfechos nos casos de apendicite aguda como demonstrado em trabalhos publicados neste ano por Romero et al (Journal of the American College of Radiology 2020) e Tankel et al (World Journal of Surgery 2020). Estes trabalhos, porém, apresentam uma possibilidade de viés alto devido a fatores como migração ou banco de dados variável. Nosso hospital atende a uma população alvo estável, o que permitiria uma comparação com menor fatores de vieses. Nosso objetivo consiste em avaliar as diferenças no atendimento, proposta terapêutica e evolução dos casos de apendicite aguda atendidos no pronto-socorro do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) – IAMSPE, em um período de 4 meses. Desde o início da pandemia decretada pela OMS (11 de Março de 2020) até 11 de Julho de 2020, em relação ao mesmo período do ano de 2019.
Método
Foi realizado um estudo observacional retrospectivo em relação ao período citado, comparando dados demográficos (sexo, idade) apresentação clínico-cirúrgico (Classificação de Alvarado, Classificação de Gomes), tempo de internação, tratamento cirúrgico versus não cirúrgico, via de acesso (laparotômica versus videolaparoscópica), necessidade de conversão, complicações pós operatórias (Clavien-Dindo) e resultados dos anátomos-patológicos. No período de pandemia o tratamento cirúrgico foi a forma de abordagem de escolha como padrão ouro, considerando-se alinhamento de recurso hospitalares e de treinamento médico adequado.
Resultados
Dentre os 76 casos analisados: no período COVID (2020) encontramos 40 casos (52,63%) e 36 casos (47,37%) no período não COVID (2020). Não houve diferença quando consideramos idade (p=0,219), sexo (p=0,517), critérios de Alvarado (p=0,139), via de acesso (p=0,307), tempo de internação (p=0,555) e complicações pós-operatórias (p=0,272). Quanto aos achados intraoperatórios, também não houve diferença entre os períodos (p =0,445), porém a análise post-hoc demonstrou que o grupo COVID teve maior número de doença fase 4B do que o grupo não-COVID.
Conclusões
Observou-se uma discreta diminuição do número de casos diagnosticados com apendicite aguda no período de pandemia, porém, sem diferença na gravidade nos achados intraoperatórios ou de complicações pós operatórias, contrariando outras publicações sobre o tema. A adoção da terapêutica padrão ouro vinculado a rápida assistência em nosso serviço bem como a ausência de viés pode explicar o desfecho semelhante nos dois períodos analisados.
Palavras Chave
Apendicite Aguda, Covid-19, Pandemia
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - IAMSPE - São Paulo - Brasil
Autores
CAROLINA SABADOTO BRIENZE, MURILO CASTRO GARROTE, MARIA MADUREIRA MURTA, ANDRÉ SILVA GUIMARÃES MOEDA, LUIS ROBERTO MANZIONE NADAL, JOSÉ FRANCISCO MATTOS FARAH