Dados do Trabalho
Título
HÉRNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Introdução
Apesar das hérnias inguinais serem muito comuns, as hérnias de Amyand são entidades raras e representam menos de 1% das hérnias, sendo ainda mais raras quando ocorrem concomitantemente a um quadro de apendicite aguda. A grande discussão em torno das hérnias de Amyand é sobre a conduta frente ao achado: a necessidade de apendicectomia e o uso de telas de polipropileno para correção do anel herniário são as principais dúvidas que os cirurgiões enfrentam na tomada da decisão. A raridade da patologia dificulta o estabelecimento de protocolos, sendo o sistema de Losanoff e Basson um dos poucos artifícios que podem guiar a terapêutica frente a uma hérnia de Amyand. Objetivamos relatar o caso de um paciente de 74 anos, que teve como achado intraoperatório, uma Hérnia de Amyand. Além disso, temos como objetivo apresentar uma revisão da literatura, para contribuir com as discussões frente a este achado raro.
Relato de Caso
M.A.S., sexo masculino, 74 anos, procurou atendimento no ambulatório de cirurgia geral devido abaulamento na região inguinal direita há três anos, com piora significativa há quatro meses, acompanhado de aumento do volume escrotal e dor local. Herniorrafia inguinal direita prévia há sete anos. No intraoperatório, à abertura do saco herniário, identificou-se o apêndice cecal, sem sinais flogísticos, porém com volume discretamente aumentado. Realizada apendicectomia e herniorrafia inguinal a Lichtenstein. Paciente evoluiu sem complicações recebendo alta hospitalar no segundo dia de pós-operatório.
Discussão
A falta de estudos randomizados dificulta a padronização de decisões terapêuticas e o cirurgião deve considerar múltiplos fatores para definir a conduta diante de uma hérnia de Amyand. No achado de apendicite aguda, é evidente que se deve proceder com a realização de apendicectomia sem utilização de tela na correção da hérnia, uma vez que a cirurgia não é considerada limpa e possui risco de infecção do local cirúrgico. Aqueles que são contrários à apendicectomia eletiva, argumentam que a retirada de um apêndice aparentemente normal aumentaria as chances de infecção, já aqueles a favor defendem que a permanência do apêndice, mesmo sem sinais de inflamação, favorece a recidiva da hérnia e pode vir a sofrer inflamação futuramente, principalmente após manipulação cirúrgica. No caso relatado, optou-se pela apendicectomia, seguindo a recomendação de Lossanoff e Basson e pela colocação de tela já que o paciente apresentava hérnia inguinal recidivada, sem quaisquer complicações intra ou pós-operatórias.
Palavras Chave
hérnia de Amyand; hérnia inguinal indireta; apêndice.
Área
HÉRNIAS E PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Universidade de Marília - UNIMAR - São Paulo - Brasil
Autores
Júlia Bazzo Sinatora, Marcela Amaro de Santana, Marcos Alberto Pagani Junior, Ricardo Argollo Haber, Juliana Pascon dos Santos