Dados do Trabalho


Título

RETALHO FASCIOCUTANEO SUPERO-MEDIAL EM ILHA PARA RECONSTRUÇAO DE BOLSA ESCROTAL POS SINDROME DE FOURNIER

Introdução

A fasceíte necrosante ou síndrome de Fournier é uma doença infecciosa relativamente rara que apresenta elevados índices de morbimortalidade. Sua instalação proporciona rápida necrose das estruturas envolvidas, resultando em muitos tecidos desvitalizados. O tratamento é predominantemente cirúrgico com drenagem e desbridamento amplo e precoce, associados a controle hidroeletrolítico e antibioticoterapia de amplo espectro. Sua etiologia é identificável em 70 a 90% dos casos, podendo estar relacionada a doenças - como diabetes mellitus, em 20 a 60% dos casos - ou a procedimentos. O sexo masculino é o mais acometido, sendo a perda da pele da região escrotal e perineal muito comum. A realização da reconstrução após a estabilização clínica é fundamental, uma vez que deve buscar manter as características fisiológicas e estéticas dentro do possível. O procedimento ideal inclui a reconstrução em tempo único, com espessura de pele e subcutâneo adequadas, resistente à tração e movimentos, com sequelas mínimas para a área doadora, que mantenha a termorregulação dos testículos e apresente a ptose natural da região escrotal. Dentre as várias opções disponíveis para cobertura adequada, o retalho súpero-medial da coxa mostra-se extremamente vantajoso devido à sua simplicidade de execução, presença de pele excessiva na área doadora e confiabilidade vascular. Trata-se de um retalho fasciocutâneo idealizado obliquamente e com base sobre o músculo abdutor longo da coxa.

Relato de Caso

Homem, 55 anos, diabético, deu entrada ao serviço com hiperemia e necrose em bolsa escrotal e períneo associadas a secreção purulenta e mal cheiro, constatando-se quadro de síndrome de Fournier. A princípio iniciou-se antibioticoterapia com metronidazol, geramicina e rocefin e realizou-se debridamento cirúrgico com remoção de toda bolsa escrotal e implante dos testículos em raiz de coxas, na topografia dos futuros retalhos, a fim de proteger os testículos e viabilizar posterior reconstrução. Teve alta após 3 semanas e retornou após 3 meses, com ferida cicatrizada por segunda intenção, para realizar reconstrução. Neste caso, fez-se necessário retalhos de 15 x 10 cm que foram realizados em ilha, ou seja, sem pedículo cutâneo, de forma que a vascularização da região passou a ser fornecida pelo funículo espermático por meio do testículo lá implantado. Paciente cursou com leve epidermólise sem mais intervenções cirúrgicas; o debridamento químico por colagenase foi suficiente.

Discussão

O retalho fasciocutâneo supero-medial consiste em uma das melhores opções para a reconstrução da bolsa escrotal uma vez que permite uma temperatura adequada para alojamento dos testículos e preserva a vascularização. A técnica apresentada neste relato proporciona ao retalho autonomização e vascularização segura através do funículo espermático. Outra vantagem do retalho em ilha em relação ao em península é um resultado mais funcional obtido em apenas um tempo cirúrgico.

Palavras Chave

Reconstrução; bolsa escrotal; Fournier.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA

Instituições

Centro Universitário Tiradentes - Alagoas - Brasil

Autores

Laís Maria Pinto Almeida, Ádila Cristie Matos Martins, Alessandra Soares Vital, Louise Mendonça Vaz, Viviane Honório Mendonça da Costa