Dados do Trabalho


Título

COLEDOCOTOMIA PARA RETIRADA DE CORPO ESTRANHO EM DUCTO COLEDOCO

Introdução

As complicações relacionadas à Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) estão presentes em cerca de 5 a 10%, sendo os principais fatores de risco relacionados ao procedimento a técnica e anatomia do paciente. O objetivo deste estudo é identificar uma complicação rara após a CPRE e apresentar a coledocotomia como uma opção de abordagem às intercorrências pós CPRE.

Relato de Caso

Mulher, 59 anos, hipertensa, tabagista, realizou colecistectomia aberta em 2010. Iniciou, em julho de 2019, com quadro de dor abdominal, náusea, anorexia e icterícia. Procurou atendimento médico, sendo diagnosticada com pancreatite e coledocolitíase. Na colangioressonância evidenciou-se cálculo impactado na porção pancreática do colédoco, medindo 2,5 x 1,6 x 1,6, determinando moderada dilatação das vias biliares a montante, calibre do colédoco de 2,3cm, dilatação da via biliar intra e extra hepática, sem dilatação do ducto pancreático principal. Realizada no mês seguinte CPRE: aparelho introduzido até a segunda porção duodenal, realizada canulação inadvertida da via biliar duas vezes, presença de cálculo gigante, cerca de 20mm, realizada papilotomia ampla e varredura com balão extrator sem conseguir remover o cálculo, optado por passagem de prótese biliar plástica. Recebeu atendimento ambulatorial na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - RS, em dezembro de 2019, com queixa de dor em hipocôndrio direito (HD) e plenitude pós prandial, ao exame físico em bom estado geral, anictérica, abdome globoso, com dor à palpação em HD, sem peritonismo. Solicitada CPRE, a qual foi realizada no dia 10/12/2019. Durante este procedimento, houve ruptura do fio guia, o qual permaneceu introduzido no colédoco, paciente evoluiu com importante dor em HD e regular estado geral, sendo solicitada avaliação da equipe de cirurgia com urgência. No mesmo dia, realizou-se coledocotomia para retirada de corpo estranho + calculo coledociano, procedimento realizado via videolaparoscópica (VLP), sem intercorrências. Durante o procedimento realizou-se inventário da cavidade com grande quantidade de aderências; realizada lise de bridas; pequena quantidade de líquido peri duodenal e peri colédoco; retirado basket pela cavidade oral; abertura do colédoco + retirada de volumoso cálculo endurecido; fechamento do colédoco com prolene 4-0, lavagem da cavidade e revisão de hemostasia; colocação de dreno de sump em pedículo hepático. Evolução satisfatória no pós operatório. Recebeu alta 5 dias após realização de procedimento cirúrgico.

Discussão

Apesar da baixa incidência de complicações relacionadas à CPRE, essas podem ser potencialmente fatais. Sendo assim, exige uma indicação precisa e opções para resolução das possíveis complicações. Conforme apresentado no caso, a conduta cirúrgica com brevidade, sendo a coledocotomia VLP a principal escolha, mostra-se como uma boa opção para complicações pós CPRE.

Palavras Chave

Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica; Coledocotomia.

Área

VIAS BILIARES

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Fábio Herrmann, João Paulo Carlotto Bassotto, Eduardo José Bravo Lopez, Mayara Christ Machry, Andréia Kayser Cardozo, Diego Marcelo Montesdeoca Rodriguez, Eneas carlos cavalcante junior, Mohamad Hassan Hamaoui