Dados do Trabalho


Título

RECIDIVA GASTRICA COM INVASAO ESPLENICA E DIAFRAGMATICA DE ADENOCARCINOMA DE COLON 10 ANOS APOS RESSECÇAO DA LESAO PRIMARIA

Introdução

A ocorrência de recidiva nos casos de câncer colorretal (CCR) não é rara. Alguns órgãos são conhecidos por apresentarem lesões secundárias do CCR, como fígado, pulmão, ossos e cérebro. Por outro lado, o aparecimento de tumores secundários ao CCR no estômago é extremamente raro. Este trabalho traz relato de recidiva de adenocarcinoma de cólon em estômago, com invasão esplênica, 10 anos após a ressecção do tumor primário.

Relato de Caso

Feminina, 54 anos, história de colectomia segmentar esquerda com metastasectomia hepática por adenocarcinoma há 9 anos. Vem à consulta ambulatorial com quadro de plenitude pós-prandial e distensão abdominal, sem qualquer outro sintoma ou alteração no exame físico. Procedida a investigação complementar. Endoscopia digestiva alta demonstrou lesão, confirmada pelo anatomopatológico, compatível com adenocarcinoma infiltrativo e ulcerado. Tomografia de abdome evidenciou (AP) lesão infiltrativa com impregnação heterogênea pelo contraste no terço superior do baço, em contiguidade com o fundo gástrico, medindo cerca de 6,0 x 4,6 cm. Submetida a laparotomia eletiva, constatando-se que a lesão infiltrativa diafragma, optando-se por gastrectomia total associada à esplenectomia e ressecção de lesão diafragmática. O resultado do AP evidenciou adenocarcinoma moderadamente diferenciado de padrão intestinal, com áreas de necrose, sugestivo de implante secundário ao CCR. Paciente segue estável em acompanhamento ambulatorial há 8 meses.

Discussão

O CCR ocupa 2° lugar em mortalidade no Brasil. No estudo de Eisenberg et al., mostra que o sítio mais comum de aparecimento metástases é o fígado, seguido de pulmão, ossos e cérebro. Sítios mais raros incluem pele e lesões únicas em baço. Metástases no estômago são pouco frequentes, com incidência variando entre 0,2 e 0,7%. Além da localização, CCR como lesão primária de recidiva gástrica é ainda mais raro. Tan, H.J et al., em 2016, relataram caso parecido a este e constataram apenas cinco casos de CCR com metástase gástrica. No estudo de Campoli et al. sobre metástases no estômago, apenas um paciente tinha como sítio primário cólon. Outra particularidade incomum é o tempo de surgimento da lesão em relação à ressecção primária. De Palma et al. descrevem em sua série de casos 3 lesões metastáticas no estômago cuja origem era o cólon, onde a média de intervalo entre o aparecimento das lesões era 25 meses. Portanto, recidiva de CCR após 10 anos de tratamento da lesão primária traz à tona o tópico cura quando considerado que a maioria das neoplasias ditas curadas são após um intervalo livre de doença de cinco anos. Portanto, percebe-se a escassez de relatos de recidiva gástrica de CCR, sobretudo com invasão esplênica e diafragmática, colocando em discussão intervalo livre de doença considerado como cura e evidenciando ressecções primárias ou recidivas de metástases de CCR, independente dos sítios de implantes, como excelente resposta ao tratamento cirúrgico.

Palavras Chave

Câncer Colorretal
Metástases de Câncer Colorretal
Recidiva de Câncer Colorretal

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victor Antônio Brocco, João Paulo Carlotto Bassotto, Eduardo José Bravo Lopez, Mayara Christ Machry, Pedro Miguel Goulart Longo , Fábio Herrmann, Diego Marcelo Montesdeoca Rodriguez, Natalino Rinaldi