Dados do Trabalho
Título
ESTUDO COMPARATIVO DO NUMERO DE OBITOS E INTERNAMENTOS DECORRENTES DE AGRESSAO CONTRA A MULHER POR MACRORREGIAO BRASILEIRA
Objetivo
Analisar as internações e óbitos decorrentes de agressões contra a mulher por macrorregiões brasileiras, idade e cor/raça.
Método
O presente estudo se configura como descritivo de corte transversal, com dados provenientes do Sistema de Internações do SUS, os quais foram publicados pelo Ministério da Saúde através do DATASUS. O período analisado foi de 10 anos (entre maio de 2010 e maio de 2020), nas regiões geográficas brasileiras. As informações coletadas retratam a relação entre internamentos e óbitos por agressões contra a mulher, comparando fatores como faixa etária, raça e distribuição pelas macrorregiões brasileiras.
Resultados
Foram analisadas 80.724 pacientes do sexo feminino internadas, sendo o total de óbitos no período estudado igual a 2455. Dentre essas mortes, a maior prevalência ocorreu nas macrorregiões Sudeste (40,1%), e a menor no Sul (6,2%) A distribuição geográfica dos internamentos se deu da seguinte forma: Sudeste (37,8%) - Nordeste (30%) - Norte (12,8%) - Sul (9,8%) - Centro Oeste (9,6%). Ademais, considerando a faixa etária adulta, verificou-se o maior acometimento de mulheres com idade entre 20-29 (23,15%) e 30-39 (20,45%), tendo como disposição de cor/raça: Parda (32,4%) - Branca (20,9%) - Preta (3,7%) - Amarela (0,8%) - Indígena (0,2%). Além disso, vale ressaltar que não se obteve informação desse critério em 41,7% das vítimas de agressão.
Conclusões
A partir da análise dos dados, percebe-se que a violência contra mulheres acomete muitas brasileiras, sendo os principais tipos de agressões: espancamentos, lesões por armas de fogo e objetos perfurocortantes. Nesse contexto, nota-se que há mais internamentos de mulheres por agressões na região Sudeste e menor prevalência desses no Centro-Oeste. Tal discrepância é explicada pela grande concentração populacional no sudeste do Brasil, em comparação a outras macrorregiões brasileiras. Já a distribuição dos óbitos se dá de forma distinta: enquanto a região Sudeste permanece liderando esse ranking, a Sul apresenta os menores índices de mortes registradas. Assim, apesar de o Sul não ser a região com menor taxa de internamentos por agressão no Brasil, configura-se como o local de menor número de óbitos. Essa diferença sugere maior eficácia do manejo e internação de vítimas de violência na região Sul, proporcionalmente em relação ao Centro-Oeste. Quanto à raça, a maior parte das vítimas se autodeclara pardas, ao passo que há um índice pequeno de pretas. Vale ressaltar que 41,7% das ocorrências não foram classificadas quanto à raça, o que sugere uma falha na coleta de dados. Por fim, no que tange às diferentes faixas etárias, o maior índice de internamentos encontra-se naqueles com a idade entre 20 e 29 anos, na medida em que as ocorrências dentre os adultos na faixa de 50 a 59 anos são menores. Portanto, verifica-se maior vulnerabilidade das jovens adultas às agressões, sendo indispensáveis políticas públicas de prevenção mais focadas em tal grupo, a fim de protegê-lo.
Palavras Chave
Agressões contra mulheres. Trauma. Macrorregiões brasileiras.
Área
TRAUMA
Instituições
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - Bahia - Brasil
Autores
Gustavo Bazin Vieira Mauchle, Gabriela Malaquias Barreto Gomes, Rodrigo Bartolomeu Sobral Neves, Tauá Vieira Bahia