Título

ADENOCARCINOMA SINONASAL: RECONSTRUÇAO COM RETALHO MICROCIRURGICO

Introdução

O adenocarcinoma sinonasal (AD) é uma neoplasia epitelial caracterizada pela proliferação maligna de tecido glandular, podendo ser classificado em intestinal ou não intestinal, com baixa incidência, porém com alta agressividade. Em contrapartida, carcinoma odontogênico de células claras (COCCs) aparece como diagnóstico diferencial em virtude de fatores como agressividade e topografia da lesões que podem invadir estruturas ósseas da face. A seguir relataremos caso de paciente com surgimento de extensa lesão em face com ressecção e reconstrução com retalho livre microcirúrgico.

Relato de Caso

Paciente masculino, 46 anos, história prévia de tabagismo (20 maços/ano) e etilismo social. Referendado para avaliação com equipe da Cirurgia de Cabeça e Pescoço em abril/2020, com história de surgimento de edema em região maxilar há 5 meses que correlacionou com procedimento dentário prévio. Além de internação com uso de antibioticoterapia por suspeita de celulite extensa em face sem resposta ao tratamento. Ao exame tinha lesão extensa em hemiface esquerda com distorção anatômica de estruturas adjacentes, endurecida, com acometimento de pálpebra e motricidade ocular ipsilateral. Tomografia de face março/20 com volumosa lesão expansiva (7,6 cm X 6 cm), heterogênea, com realce pelo contraste, localizada na região maxilar da hemiface esquerda, comprometendo partes moles e extensão para o interior do seio maxilar correspondente, determinando destruição óssea das paredes deste seio, osso zigomático e assoalho da órbita com extensão também para o cavidade nasal e células etmoidais. Anátomo-patológico (AP) de biópsia: neoplasia maligna indiferenciada de células claras com imuno-histoquímica (IH) de carcinoma com morfologia de células claras. Paciente submetido a procedimento de ressecção cirúrgica com reconstrução através de retalho livre microcirúrgico de fuso abdominal com anastomose de artéria epigástrica inferior com artéria facial. AP com IH foi compatível com adenocarcinoma sinonasal do tipo não-intestinal de alto grau com margens comprometidas. Paciente evoluiu bem, com retalho viável, encaminhado para realização de radioterapia adjuvante.

Discussão

Neste caso, obteve-se diagnóstico AP diferente da amostra da biópsia com IH pré-cirúrgica. Na IH da biópsia malar se tinha diagnóstico de COCCS, já a peça definiu se tratar de ADA. Porém, ambas condições fazem parte do diagnostico diferencial dos tumores de cabeça e pescoço e que são passíveis de abordagem cirúrgica com intuito curativo seguida de radioterapia como resgate com ou sem quimioterapia. A reconstrução cirúrgica se impôs como desafio em virtude da ressecção volumosa com perda funcional de estruturas circunjacentes da hemiface esquerda e perda da cobertura cutânea, sendo optado por retalho livre microcirúrgico. Portanto, este caso representa aprendizado revisional diagnóstico e técnico cirúrgico, apresentando-se como experiência com tumores altamente agressivos em áreas nobres de difícil cobertura e reabilitação.

Palavras Chave

Adenocarcinoma Sinonasal
Retalho Microcirúrgico