Dados do Trabalho


Título

ABORDAGEM CIRURGICA DE CISTO DE COLEDOCO EM ADULTO COM ANASTOMOSE BILIODIGESTIVA EM Y DE ROUX COM CAPSULA DO CISTO - RELATO DE CASO

Introdução

Cistos de colédoco (CC) são dilatações congênitas dos ductos biliares(DB), intra ou extra-hepáticos. São raros, com incidência estimada em 1:100.000 nascidos vivos(1,2,3), comumente diagnosticados na infância(4).
A tríade clássica é composta por dor abdominal, icterícia e massa palpável. A grande complicação é a malignização (até 30%). O tratamento consiste em exérese do cisto e reestruturação da comunicação biliodigestiva(5).
Apresentamos caso de CC tipo IB(6) em adulto, abordado cirurgicamente através de derivação biliodigestiva de jejuno em Y de Roux com a cápsula do cisto, que apresentou desfecho favorável.

Relato de caso

Paciente masculino, 56 anos, previamente hígido, queixava-se de dor abdominal epigástrica, vômitos, icterícia e perda ponderal há 5 dias. O laboratório inicial apresentava aumento de enzimas canaliculares, transaminases e bilirrubinas diretas.
Foi solicitado USG abdominal, que demonstrou um cisto anecóico pericolédoco e pericístico medindo 3,5 x 2,1 cm, provocando dilatação das vias biliares a montante. Investigado com Tomografia de abdome, evidenciou-se formação arredondada bem delimitada, de paredes finas, homogênea, localizada ao nível da bifurcação do ducto hepático(DH) comum. Optou-se por submeter o paciente a Colangiopancreatografia retrograda endoscópica (CPRE), objetivando alívio da icterícia colestática. Drenada a via biliar, houve melhora laboratorial parcial.
Procedeu-se então com Colangioressonância abdominal, que evidenciou formação cística relacionada ao DH direito medindo 2,5 cm de diâmetro.
No intra-operatório, localizou-se CC tipo IB em colédoco proximal comprometendo a junção dos hepáticos. Optou-se por colecistectomia, seguida de ressecção parcial do cisto e derivação biliodigestiva do jejuno com a cápsula do cisto em Y-Roux. O pós operatório evoluiu sem intercorrências, com alta hospitalar no 7º dia. O exame histopatológico confirmou tratar-se de CC, sem malignidade. No seguimento após 1 ano, o paciente mantêm assintomático.

Discussão

Em 1969, Babbit sugeriu que os CC se originariam da união anômala do ducto pancreaticobiliar, secundária a migração do coledocopancreático para parede duodenal(3). São raros os relatos em homens e adultos(7).
A clínica clássica é mais comum em crianças, porém rara. Adultos manifestam mais dor abdominal, sintomas pancreáticos, cálculos biliares e colecistite(8,9).
A colangiorressonância é considerada padrão ouro de diagnóstico e seguimento. A CPRE, a colangiografia percutânea transhepática e a colangiografia intra-operatória são utilizadas para delimitação da via biliar(10).
Segundo a classificação de Todani, os cistos do tipo IB estão limitados ao DB extra-hepático e cursam com dilatação limitada aos DH comum e colédoco(6). Devem ser tratados com excisão total do DB pelo risco de malignização, o que não foi tecnicamente possível. A reconstrução ideal é uma biliodigestiva em Y de Roux, diminuindo chance de refluxo biliar e câncer gástrico(11). O paciente deverá seguir rastreio com exames de imagem.

Palavras Chave

Cisto de colédoco, Síndrome Ictérica, Anastomose biliodigestiva em Y Roux.

Área

VIAS BILIARES

Instituições

IRMANDADE SANTA CASA DE LONDRINA - Paraná - Brasil

Autores

Gustavo Negreiros Gaigher Cruz, Luiza Bassani Altoé, Guilherme Godoy Santos, Mariano Almeida Menezes