Dados do Trabalho


Título

ADENOMA PLEOMORFICO EM ESPAÇO PARAFINGEO COM EXERESE VIA TRANSCERVICAL E TRANSORAL COMBINADOS: RELATO DE CASO

Introdução

Tumores do espaço parafaríngeo (EPF) são pouco frequentes na rotina dos cirurgiões. Um dos diagnósticos diferenciais, o adenoma pleomórfico (AP), não costuma se localizar nessa região. A seguir, relataremos um caso de AP em EPF com abordagem via transcervical e transoral combinadas.

Relato de Caso

Masculino, 43 anos, sem comorbidades. Encaminhado para ambulatório por abaulamento crescente em região de orofaringe há 6 anos associado com dispneia e disfagia. Tomografia de pescoço evidenciou lesão expansiva com centro geométrico em EPF direito, bem delimitada, medindo cerca de 8,1 x 7,4 x 5,2 cm, determinando deslocamento lateral da musculatura pterigoide e do ângulo e ramo da mandíbula direita, deslocamento anterior da língua e contralateral da parede lateral da rinofaringe e orofaringe com consequente obliteração da coluna aérea local, observando-se também remodelamento ósseo das lâminas pterigoides à direita. Realizada biópsia que definiu diagnóstico de AP. Planejamento cirúrgico optou-se por abordagem cervical direita para acessar a lesão no EPF associado à acesso transoral para ressecção de mucosa de palato mole. Ressecada peça com confirmação patológica prévia de AP. Paciente evoluiu bem e está há 4 meses em acompanhamento ambulatorial.

Discussão

Os tumores do EPF representam 0,5% das neoplasias de cabeça e pescoço. 80% dos tumores nesse espaço são benignos e os mais frequentes são AP da glândula salivar. Já nos tumores malignos, neoplasias das glândulas salivares são as mais encontradas. Quanto à epidemiologia dos AP, sabe-se que é o tumor benigno mais comum nas glândulas salivares. Lesões intraorais são menos comuns e ocorrem preferencialmente no palato. Sua localização no EPF é rara. São mais prevalentes em mulheres e negros, entre a quarta e a sexta décadas de vida. Alguns pacientes apresentam sintomatologia muito inespecífica e são diagnosticados incidentalmente por exames de imagem. Apesar de o exame padrão-ouro para o diagnóstico ser a ressonância magnética, alguns centros usam tomografia como exame de primeira escolha. Embora o AP seja tumor benigno, a realização de exame histopatológico é importante, pois características clínicas dessa lesão podem ser semelhantes às presentes em tumores malignos. No caso de AP, tratamento é excisão cirúrgica, pela chance de malignização4 (3 a 5% dos casos2). Existem diversas vias de abordagem para realizar excisão de tumores de EPF, que incluem a via transoral, via transcervical (mais comum) e a via de escolha neste caso: combinada transcervical e transoral (útil em tumores com comprometimento do EPF e faringe). As recidivas dos AP ocorrem principalmente no caso de excisão incompleta do tumor primário ou ruptura acidental durante a cirurgia e, por apresentarem maior tendência a malignizar, devem ser removidas por completo. Portanto, é importante atentar-se para topografias não habituais de localização dos AP e se necessário a abordagem combinada (transoral e transcervical) ser empregada.

Palavras Chave

Adenoma pleomórfico
Cabeça-pescoço

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victor Antônio Brocco, Murilo De Oliveira , Andreas Weiand Camara, Virgílio Gonzales Zanella, Luiz Felipe Osowski, Bárbara Henrich Pinheiro, Bárbara Colombo, Pedro Miguel Goulart Longo