Dados do Trabalho


Título

CARCINOMA PAPILIFERO DE TIREOIDE EM PACIENTE JOVEM DO SEXO MASCULINO: RELATO DE CASO

Introdução

O câncer de tireóide é rotina para o cirurgião de cabeça e pescoço e tem perfil epidemiológico bem estabelecido de acordo com os tipos histológicos e uma predileção para o sexo feminino. Relataremos um caso de neoplasia de tireóide do tipo papilífero em paciente jovem do sexo masculino.

Relato de Caso

Paciente masculino, 30 anos, ex-tabagista, sem comorbidades. Encaminhado por queixa de tumoração cervical à direita com dois meses de evolução. Ao exame físico, apresentava tumoração no nível III e IV, endurecida, móvel e com aproximadamente 7 cm de diâmetro. A tomografia de pescoço demonstrou linfonodomegalias cervicais à direita nos níveis II, III e IV, medindo até 2,9 x 2,0 cm, além de glândula tireoide levemente heterogênea. Paciente foi submetido à abordagem cirúrgica, sendo ressecado conglomerado linfonodal com congelação transoperatória que evidenciou metástase de carcinoma, prosseguindo para tireoidectomia total com esvaziamento cervical dos níveis II a IV e também nível VI. Material foi encaminhado à patologia, que revelou carcinoma papilar clássico multifocal com invasão linfovascular. Paciente teve boa recuperação pós-operatória, iniciou reposição hormonal e segue em acompanhamento ambulatorial com plano de iodoterapia.

Discussão

Um nódulo de tireóide palpável pode ser diagnosticado em 4 a 7% da população adulta. O risco estimado para câncer de tireóide na população brasileira em 2014 foi de 1,15 casos por 100.000 homens e 7,91 casos por 100.000 mulheres. Existem poucos fatores de risco de câncer de tireóide conhecidos, exceto sexo feminino e radiação. O câncer de tireoide papilar é o tipo mais comum de câncer de tireoide (80% dos casos). Sua incidência tem aumentado nas últimas décadas, provavelmente pela presença de técnicas de diagnóstico mais aprimoradas e aumento da triagem de pequenos nódulos.
O que chama atenção no caso é o perfil epidemiológico do paciente. No estudo de CAVALHEIRO B.G et al., a média de idade de diagnóstico de câncer de tireóide foi 50,5 anos6, enquanto na análise de LIM H. et al. foi de 48 anos. Outro ponto incomum é o sexo do paciente, já que o câncer de tireoide é um dos poucos cânceres que mostram um domínio feminino. A cirurgia adequada é determinante para prognóstico no tratamento do carcinoma bem diferenciado de tireoide, enquanto ablação por radioiodo e terapias de supressão do hormônio estimulador da tireóide servem como adjuvantes em alguns pacientes. A incidência de metástase linfonodal é de 15% a 30% dos pacientes, podendo chegar a 47,5%4. Os principais fatores prognósticos relacionados à recidiva e óbito pela doença são: idade maior do que 45 anos, presença de metástase à distância, extensão extratireoideana, tamanho do tumor maior do que 4cm, sexo masculino e tipo histológico folicular.  Portanto, percebe-se que apesar de o câncer de tireóide ser mais comum em mulheres com idade mais avançada, deve-se estar atento para essa possibilidade diagnóstica em todo tipo de população com história compatível.

Palavras Chave

Neoplasia de Tireóide
Carcinoma Papilífero

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victor Antônio Brocco, Murilo De Oliveira, Andreas Weiand Camara, Virgílio Gonzales Zanella, Luiz Felipe Osowski, Nicole Elen Lira , Bárbara Henrich Pinheiro, Pedro Miguel Goulart Longo