Dados do Trabalho


Título

DIVERTICULO DUODENAL COMO CAUSA DE DOR ABDOMINAL AGUDA EM PACIENTE IDOSA

Introdução

Divertículos duodenais são evaginações da mucosa, congênitos ou adquiridos, secundários à altas pressões contráteis colônicas, mais prevalentes em idosos, em geral na segunda porção, sendo rara a ocorrência de complicações.

Relato de Caso

M.J.S.S, 85 anos, feminino, branca, há 5 dias, cursou com crise de dor em abdome superior, tipo cólica, sem irradiação ou relação com alimentação gordurosa, de início progressivo e leve, tornando-se intensa, associada à náuseas, um episódio de vômito, queda do estado geral e perda do apetite. Nega febre, perda de peso, icterícia, colúria ou acolia fecal. Fez uso de sintomáticos, com melhora após três dias. Ao exame, encontrava-se em regular estado geral, vigil, orientada, prostrada, anictérica, corada, hidratada, PA 130x80 mmHg, FC 80 bpm, FR 20 ipm, T 37ºC, abdome semigloboso, ruídos hidroaéreos presentes, flácido, indolor, sem visceromegalias. Exames laboratoriais (22/4/2020) evidenciaram Hb 12,9 g/dL, Ht 37,6 %, leucócitos 8.000 / mm³, neutrófilos 6186 / mm³, plaquetas 169.000 / mm³, glicemia 118 mg/dL, albumina 4 g/dL, TGO 207 U/L, TGP 284 U/L, GGT 204 U/L, FA 204 U/L, amilase 62 U/L, VHS 25 mm, PCR 132 mg/L, bilirrubina total 0,7 mg/dL, bilirrubina direta 0,3 mg/dL e bilirrubina indireta 0,4 mg/dL, RNI 0,91, e ultrassonografia de abdome (5/5/2020) demonstrou material heterogêneo na vesícula, fixo na parede infundibular, não obstrutivo, medindo 0,92 cm no maior diâmetro, com espessamento parietal irregular no fundo e vesícula pouco repleta, sem dilatação de vias biliares intra e extrahepáticas. As dosagens de marcadores tumorais foram normais (4/5/2020) CEA 1,8 ng/mL, alfafetoproteína 2,4 ng/mL, CA 19-9 8,3 UI/mL e CA 125 9,8 U/mL e a ressonância nuclear magnética do abdome superior (14/5/2020) demonstrou vesícula pouco distendida, de contorno ligeiramente irregular, com discreto espessamento parietal, sobretudo na região fúndica, sugerindo vesícula esclero-atrófica, com discreto espessamento e mínima dilatação do colédoco, e presença de divertículo duodenal na parede anterior da segunda porção, medindo 3,5 cm, determinando leve deslocamento da porção distal do colédoco. A paciente evoluiu sem novos episódios de dor, optando-se por conduta expectante.

Discussão

O presente caso descreveu típica cólica biliar associada à elevação importante das enzimas hepatocelulares e canaliculares, com duração de cerca de 3 dias e melhora espontânea. Na investigação, constatou-se divertículo duodenal, relativamente grande, medindo 3,5 cm, provocando compressão da porção distal do colédoco. Na ausência de outras causas mais comuns, como litíase biliar ou pancreatite aguda, considerou-se possível efeito compressivo do divertículo, cheio de alimento, sobre a papila de Vater, com obstrução temporária do fluxo da bile. Sendo assim, divertículo duodenal pode ser causa de dor abdominal aguda em paciente idoso, com elevação transitória de enzimas hepatocelulares e canaliculares.

Palavras Chave

Divertículo duodenal, cólica biliar, doença diverticular

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - Bahia - Brasil

Autores

Andreza Rosa Cabral, Ana Rafaela Soares do Vale, Lucca Oliveira Soares Pinto, Luisa Fernandes de Barros Socorro, Marcos Guimarães El Khouri, Clara Maia Bastos