Dados do Trabalho


Título

NEOPLASIA MUCINOSA PAPILAR INTRADUCTAL EM PANCREAS DIVISUM

Introdução

A Neoplasia Intraductal Papilar Mucinosa (IPMN) é um tumor cístico produtor de mucina que se forma dentro do pâncreas, apresentando tipicamente comunicação com os ductos pancreáticos e sendo, hoje, o subtipo de neoplasia cística mais frequentemente ressecado. Pode ser subdividida em principal, secundária e mista. Acomete geralmente a cabeça do pâncreas, embora possa ser multifocal (30% dos casos) ou difusa (5-10%), e é mais comum em homens, na faixa dos 60 a 70 anos, assintomáticos, com etiologia desconhecida e bom prognóstico após a ressecção adequada. Sua principal complicação é a progressão para neoplasia maligna, relatada em até 70% dos casos de IPMN de ducto principal, e o diagnóstico preciso associado a ressecabilidade cirúrgica precoce pode ser essencial na prevenção da gênese neoplásica. Assim, a compreensão desta entidade como patologia bem definida e a crescente realização de exames abdominais de alta resolução possibilitam o aumento da identificação de novos casos, que fazem a IPMN ser, no momento, a segunda principal indicação de cirurgias pancreáticas.

Relato de Caso

D.S, feminina, 58 anos, dá entrada ao hospital referindo mal-estar, dor abdominal inespecífica em abdome superior e náuseas, sem febre, vômito ou outras queixas associadas. Os exames indicam aumento das enzimas Gama Glutamiltransferase (GGT) e Alanina Aminotransferase (ALT). Foi realizada Ultrassonografia (US) de Abdômen, Tomografia Computadorizada (TC) e, ao decorrer da investigação, Colangiopancreatografia por Ressonância Magnética (CPRM), que constatam alterações morfoestruturais importantes do pâncreas, com morfologia do tipo “pâncreas divisum” (ausência de fusão dos ductos pancreáticos), significativa dilatação do ducto de Wirsung (componente ventral) e formação cística de 2,3 cm no seu maior eixo axial, compatível com o diagnóstico de IPMN de cabeça de pâncreas. Dada a importante dilatação do ducto pancreático principal, a conduta adotada foi a retirada cirúrgica do tumor. A paciente evoluiu bem no pós-operatório com melhora dos exames laboratoriais, ausência de dilatação nas vias biliares e retorno da densidade normal do parênquima nos exames de controle.

Discussão

Frente a uma possível neoplasia cística pancreática, a IPMN deve ser uma importante entidade a ser pensada, especialmente em indivíduos na sexta ou sétima décadas de vida. O uso de exames de imagem é mandatório e a exploração cirúrgica só deve ser realizada após análise precisa da anatomia ductal. Enquanto a US pode evidenciar a presença de lesões císticas e dilatação dos ductos, a TC permite identificar a presença de comunicação entre o cisto e o lúmen ductal. No que tange à CPRM, o uso de contraste específico possibilita a delimitação exata do trajeto e morfologia dos ductos pancreáticos e, como ocorrido no caso, a identificação de variações como o pâncreas divisum. Assim, planos cirúrgicos eficazes podem ser traçados e um melhor prognóstico pode ser possibilitado aos pacientes, evitando um desfecho indesejado de malignidade.

Palavras Chave

Cirurgia Geral. Pâncreas. Pâncreas Divisum. Neoplasias Pancreáticas. Neoplasias Intraductais Pancreáticas.

Área

PÂNCREAS

Instituições

Universidade Federal da Fronteira Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

David Matheus Viana de Moraes, Luis Felipe Chaga Maronezi, Haniel Willen Araujo Souza, Sabrine Aguiar de Souza, Luigi Marcos Bigolin, Jorge Roberto Marcante Carlotto, Lucas Duda Schmitz, Juarez Antônio Dal Vesco