Dados do Trabalho


Título

INFECÇAO RECORRENTE DO TRATO URINARIO SECUNDARIA A FISTULA VESICO-APENDICULAR: UM RELATO DE CASO

Introdução

A fístula enterovesical (FEV) é uma complicação incomum de doenças inflamatórias e neoplásicas da pelve. A diverticulite do cólon corresponde à causa mais frequente de FEV, sendo a fístula entre a bexiga e o cólon sigmoide a mais comum.A fístula vesico-apendicular é uma entidade clínica rara, que e desenvolve como uma complicação de uma apendicite ou, menos frequentemente, de uma neoplasia primária do apêndice. Trabalhos que abordam esse tipo de fístula são escassos, em virtude da raridade com que ela se apresenta, com poucos casos descritos na literatura. Diante da escassez de informações sobre a fístula vesico-apendicular, aventa-se a importância de relatar casos atuais e discorrer sobre seus fatores de risco e sintomatologia, a fim de que se possa reconhecer precocemente esta patologia e tratar oportunamente e adequadamente.

Relato de Caso

Paciente masculino, 26 anos, com quadro recorrente de disúria, polaciúria e urgência, há alguns meses. A ultrassonografia das vias urinárias revelou calcificação de 1,5 cm em parede lateral direita, com grande espessamento adjacente, sem movimentação à mudança de decúbito. A tomografia de vias urinárias evidenciou calcificação extravesical próxima à cúpula vesical à direita, que sugeriu tratar-se de um cálculo vesical epitelizado. O sumário de urina revelou piúria e micro-hematúria. O paciente então foi submetido à antibiotioterapia, evoluindo com melhora transitória dos sintomas. Quatro meses depois, evoluiu com retenção urinária, sendo encaminhado ao hospital de referência para passagem de sonda vesical de demora. Realizado cistoscopia, que evidenciou um orifício na parede lateral alta da bexiga, à direita. Baseado nesses achados, o paciente foi diagnosticado com FEV, e foi indicada uma cirurgia para correção da FEV e retirada do cálculo, após resolução do quadro infeccioso. Paciente submetido à laparotomia, que revelou orifício fistuloso, com cerca de 0,5 cm de diâmetro, comunicando a porção distal do apêndice cecal à parede lateral alta da bexiga. Realizado extração do cálculo, sutura da fístula e apendicectomia. No pós-operatório, o paciente evoluiu clinicamente bem e recebeu alta com cistostomia.

Discussão

A fístula vesico-apendicular configura-se como uma manifestação rara de FEV de origem inflamatória ou, menos frequentemente, de origem neoplásica. Os achados clínicos mais frequentes de FEV incluem disúria, polaciúria e hematúria. Pneumatúria e fecalúria são sinais mais específicos, porém são menos comuns, especialmente na fístula vesico-apendicular, pois o longo e estreito lúmen do apêndice não permite a livre passagem de conteúdo intestinal para a bexiga. A alta incidência de cálculos vesicais é outra característica que diferencia a fístula vesico-apendicular de outras variantes de FEV. Entre as modalidades diagnósticas estão a cistoscopia e a tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve. O tratamento é eminentemente cirúrgico e geralmente tem boa evolução, com baixas taxas de complicações.

Palavras Chave

Fístula da bexiga urinária. Apêndice. Infecções urinárias.

Área

UROLOGIA

Instituições

Centro Universitário INTA - Ceará - Brasil

Autores

Nícolas Matheus Ponte, Fernanda Cândido Pereira, Renê Eliomar Pinheiro Diógenes, Diego Benvindo Martins, Rafael Paiva Arruda, Luís Antônio Solon