Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO NAO OPERATORIO DO TRAUMA ESPLENICO GRAU V - RELATO DE CASO

Introdução

O BAÇO É UM DOS ÓRGÃOS MAIS COMUMENTE ACOMETIDO NOS TRAUMAS ABDOMINAIS FECHADOS. LOGO, A DECISÃO PELO TRATAMENTO CIRÚRGICO OU NÃO OPERATÓRIO, É UM DESAFIO CONSTANTE AO CIRURGIÃO. O PRESENTE CASO DESCREVE O TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO, DE EXCEÇÃO, EM PACIENTE IDOSO COM TRAUMA ESPLÊNICO GRAU V, COM COMORBIDADES, BEM COMO SEUS DESAFIOS E COMPLICAÇÕES.

Relato de caso

PACIENTE D.B., MASCULINO, 77 ANOS, DEU ENTRADA NO CENTRO DE TRAUMA 12 HORAS APÓS QUEDA DE BICICLETA, TENDO COMO QUEIXAS DOR ABDOMINAL REFRATÁRIA E TRÊS EPISÓDIOS DE HEMATÊMESE. COMO ANTECEDENTES, É PORTADOR DE FIBRILAÇÃO ATRIAL E DISFUNÇÃO DO NÓ SINOATRIAL, EM USO DE ANTICOAGULANTE E MARCA-PASSO. AO EXAME FÍSICO ENCONTRAVA-SE COM PALIDEZ ACENTUADA, ESCORIAÇÕES NO HIPOCÔNDRIO DIREITO E COM DOR ABDOMINAL À PALPAÇÃO ASSOCIADA A PERITONISMO DIFUSO. EVOLUIU COM HIPOTENSÃO RESPONSIVA À TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES.
A ESTABILIDADE HEMODINÂMICA DECORRENTE DO MANEJO COM PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO MACIÇA PERMITIU REALIZAR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA QUE EVIDENCIOU TRAUMA ESPLÊNICO GRAU V (AAST) (SEM AVULSÃO DA ARTÉRIA ESPLÊNICA E AUSÊNCIA DE EXTRAVAZAMENTO DE CONTRASTE) E GRANDE QUANTIDADE DE LÍQUIDO LIVRE NA CAVIDADE ABDOMINAL. MEDIANTE OS ACHADOS TOMOGRÁFICOS, AS COMORBIDADES E A ESTABILIDADE HEMODINÂMICA, OPTOU-SE POR TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO E EMBOLIZAÇÃO DA ARTÉRIA ESPLÊNICA (70% DO ÓRGÃO). CURSOU COM BOA EVOLUÇÃO CLÍNICA, APESAR DA NECESSIDADE DE TERAPIA DIALITICA PARA MANEJO DE LESÃO RENAL AGUDA. RECEBEU ALTA 14 DIAS APÓS A ADMISSÃO E DEPOIS DE MAIS 14 DIAS RETORNOU COM DOR ABDOMINAL E DIAGNOSTICADO COM ABSCESSO PERI-ESPLÊNICO. FOI SUBMETIDO À VIDEOLAPAROSCOPIA COM DRENAGEM DO ABSCESSO COM PRESERVAÇÃO DO BAÇO. RECEBEU ALTA NO SEGUNDO PÓS OPERATÓRIO, SEM INTERCORRÊNCIAS.

Discussão

A CONDUTA NÃO OPERATÓRIA NO TRAUMA ESPLÊNICO TEM SE TORNADO CADA VEZ MAIS FREQUENTE, CHEGANDO A 75% DOS CASOS. PARA A SUA ADOÇÃO, ALÉM DA ESTABILIDADE HEMODINÂMICA, LEVAM-SE EM CONTA MÚLTIPLOS FATORES, SENDO ELES RELACIONADOS AO PACIENTE, AOS RECURSOS DISPONÍVEIS NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO E A EXPERIÊNCIA DA EQUIPE MÉDICA. SEGUNDO A AMERICAN ASSOCIATION SURGERY OF TRAUMA (AAST), O GRAU V CARACTERIZA-SE POR EXPLOSÃO ESPLÊNICA E/OU LESÃO DO HILO COM DESVASCULARIZAÇÃO DO BAÇO. LESÕES DESSA MAGNITUDE GERALMENTE SÃO TRATADAS COM ESPLENECTOMIA; O TRATAMENTO NÃO OPERATÓRIO CONSTITUI UM GRANDE DESAFIO MESMO EM CENTROS DE TRAUMA. NO CASO EM QUESTÃO, A OPÇÃO TOMADA SE DEVEU À ANTICOAGULAÇÃO E ÀS COMORBIDADES, O QUE PODERIAM ELEVAR SOBREMANEIRA A MORBI-MORTALIDADE. VALE RESSALTAR QUE O SERVIÇO DE TRAUMA DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA DO HCRP-USP POSSUI EQUIPE CIRÚRGICA, EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM, INCLUSIVE RADIOINTERVENÇÃO, BANCO DE SANGUE, DISPOSITIVO COM INFUSÃO POR PRESSÃO, TODOS DISPONÍVEIS 24 HORAS POR DIA, O QUE CORROBOROU UMA CONDUTA NÃO OPERATÓRIA SEGURA, POSSIBILITANDO RÁPIDA MUDANÇA DE ABORDAGEM FRENTE A POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS.

Palavras Chave

BAÇO, NÃO CIRURGICO, TRAUMA

Área

TRAUMA

Instituições

Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto - HCRPUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Del Ciampo Silva, Juliana Hernandes Seribeli, Rafael Borella Pelosi, José Augusto Pezati Tenani, Maurício Godinho, Luis Donizeti da Silva Stracieri