Dados do Trabalho


Título

ANGIOSSARCOMA INFILTRATIVO DE COURO CABELUDO COM ACOMETIMENTO MENINGEO E NEUROVASCULAR

Introdução

Os angiossarcomas são neoplasias altamente agressivas caracterizadas pela proliferação de células endoteliais. Comumente têm origem cutânea, mas pode originar-se em qualquer tecido. Acomete com mais frequência homens idosos caucasianos, aparecem espontaneamente e podem estar associados a linfedema crônico, exposição à radiação, arsênico, e sítios de má-formação vascular. O prognostico é reservado e existem poucas evidências acerca do tratamento, que se baseia na ressecção cirúrgica, radioterapia para infiltração insidiosa e quimioterapia nas metástases.

Relato de Caso

NO, masculino, 77, branco, ex-lavrador. Antecedentes de aneurisma de aorta abdominal, DPOC, ex-tabagista, BDAS, BCRD. Paciente apresentou trauma em couro cabeludo evoluindo com lesão de sangramento incontrolável. Vários tratamentos frustros foram realizados até que o paciente procurou atendimento em consultório particular, sendo encontradas mais duas lesões satélites e levantada hipótese de neoplasia. Foi realizada a exérese das lesões, com anatomopatológico evidenciando angiosarcoma com margem comprometida na lesão principal. O paciente permaneceu resistente a novo procedimento cirúrgico e foi encaminhado para a Oncologia. A equipe, notando surgimento novas lesões, solicitou a ampliação das margens, exérese e encaminhou para radioterapia. Após a reabordagem das lesões, o anatomopatológico confirmou ausência de comprometimento das margens. Diante disso, a oncologia não indicou tratamento adicional. No retorno ao ambulatório da Cirurgia de Cabeça e Pescoço, foi evidenciado tecido de granulação com lesão vegetante. Três dias depois, o paciente deu entrada no PS devido a ressangramento, sendo feita tomografia, evidenciando infiltração da lesão na calota craniana adjacente à meninge. A Neurocirurgia solicitou RM e verificou que não havia infiltração de meninges, nem de tecido cerebral, ficando à disposição para cirurgia em conjunto. 27 dias depois, foi feita exérese das lesões cutâneas, craniotomia ao redor do osso comprometido, retirada da dura máter e de teto do seio sagital e correção com enxerto de fáscia lata sob anestesia geral. O anatomopatológico evidenciou margem livres e linfonodos sem metástases. Na UTI, após dificuldades na extubação, o paciente evoluiu com pneumonia, sepse e óbito.

Discussão

O caso traz um paciente com perfil típico para a neoplasia: homem, idoso e branco. O tabagismo sugere risco para neoplasias e o passado de lavrador pode sugerir exposição a arsênico. A suspeição diagnóstica acabou sendo difícil, haja vista a lesão pouco marcante e as terapias frustras aplicadas antes do diagnóstico. A abordagem cirúrgica era necessária, mas questiona-se a necessidade de radioterapia adjuvante, pois houve infiltração de tecidos subjacentes. Questiona-se, também, o uso da anestesia geral na última cirurgia, uma vez que o paciente tinha comorbidades importantes. Assim, embora não houvessem metástases, poderia ser levantada a possibilidade de terapia paliativa.

Palavras Chave

Angiossarcoma, Tumores de Partes Moles, Tumores de Cabeça e Pescoço

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Faculdade de Medicina de Marília - São Paulo - Brasil

Autores

Lucas Ricardo Benfatti Marsilli, Fernanda Bombonato Smecellato, Silvio Antônio Bertacchi Uvo