Dados do Trabalho


Título

ESTA CONTRAINDICADA A LAPAROSCOPIA NO TCE, FATO OU FICÇAO?. RELATO DE CASO

Introdução

A laparoscopia tem papel importante na redução de laparotomias desnecessárias nas vítimas de trauma [1,2,3,4,5]. Entretanto, na presença de traumatismo cranioencefálico (TCE), o aumento da pressão intra-abdominal (PIA) durante a laparoscopia pode elevar a pressão intracraniana (PIC) [8,10,12,14,15,16,17] com potencial repercussão negativa no prognóstico neurológico o que contraindica dito procedimento. Os dados na literatura mostraram que é possível realizar laparoscopia sem ter um aumento importante ( maior de 22 mmHg) que aumente a mortalidade e morbilidade dos pacientes com TCE.

Relato de Caso

Paciente M.D.M.B, masculino, 23 anos admitido no dia 25/06/2019 no Hospital Das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com histórico de queda de laje (10m de altura). No atendimento inicial de positivo apresentava glasgow 14 e escoriação na região parietal esquerda e dorsal . Foi submetido a tomografia de corpo inteiro que evidenciou hematoma subdural frontal esquerdo, hemorragia subaracnóide da região frontotemporal esquerda,desvio de 0,4 cm das estruturas da linha média para a direita, discreta herniação uncal à esquerda, abdome: liquido livre sem presença de lesões parenquimatosa. A Neurocirurgia indicou craniotomia com drenagem do hematoma além do implante de cateter de pic intraventricular, O paciente permaneceu estável durante todo o procedimento pelo que se indicou laparoscopia diagnoistica. O inventário da cavidade abdominal demonstrou líquido livre seroso em pequena quantidade, sem lesões de vísceras maciças ou ocas. Durante o procedimento paciente ficou estável hemodinamicamente, os valores da PIC antes do começo da laparoscopia era de 11 mmHg, sendo que aumentou para 13 mmHg ao longo do procedimento que durou aproximadamente 45 minutos.

Discussão

Ressaltando as vantagens da laparoscopia frente à laparotomia encontramos menor dor pós-operatória, menor tempo de internação hospitalar, esteticamente melhor, recuperação mais rápida, e redução da taxa de laparotomias não-terapêuticas [6,21,22]. Como relatado em nosso caso conseguimos realizar a laparoscopia diagnóstica sem repercussão na PIC do nosso paciente o que fortalece a possibilidade de se realizar esse procedimento para investigação de lesões traumática abdominais. A grande maioria dos dados obtidos na literatura que mostra os efeitos da PIA sob a PIC foram obtidos de estudos com animais [8,14,15,16,17,18], porém existem poucos dados em humanos [12,19,20]. Sabemos que níveis de PIC maiores a 22 mmHg aumentam a mortalidade por isso todas as recomendações estão feitas para manter uma PIC menor a este valor. Entretanto, assim como no caso apresentado, a implantação de um cateter ventricular para aferir a PIC permite sua monitorização rigorosa e fidedigna, viabilizando a realização de uma laparoscopia diagnóstica sem o risco de elevação sustentada e perigosa da PIC.
Precisamos de protocolos e novos estudos para assim poder pensar em um futuro como uma opção de tratamento para esse tipo de lesões.

Palavras Chave

Trauma abdominal fechado, Trauma Craneoencefálico, Videolaparoscopia no trauma

Área

TRAUMA

Instituições

HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

ANDRES SPADAFORA, CARLOS MENEGOZZO, EDIVALDO UTIYAMA