Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM CIRURGICA EM SALA DE EMERGENCIA: TRAUMA ABDOMINAL PENETRANTE - RELATO DE CASO
Introdução
O trauma é a principal causa de morte de 1 a 44 anos, sendo a hemorragia considerada a primeira causa evitável. Seu atendimento começa no pré-hospitalar, e, nesse âmbito, as vivências em campos de guerra trazem grandes ensinamentos, como o Tratamento Tático ao Trauma de Combate (TCCC em inglês); que defende o uso de torniquetes; gazes de combate para hemostasia; toracostomia descompressiva; reanimação volêmica com hemoderivados; quetamina para analgesia e uso de Ácido Tranexâmico. Além disso, define a Golden Hour: pacientes devem ser transferidos para um centro cirúrgico em 1 hora, porém, sem controle da hemorragia, nem todos irão sobreviver esse período.
Relata-se um caso de trauma abdominal com hemorragia onde foi necessário obter controle de sangramento, antes da chegada ao centro cirúrgico.
Relato de Caso
Homem, 50 anos, ferimento por arma branca em fossa ilíaca esquerda. Deu entrada com intubação orotraqueal, após 3 ciclos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), reposição com 1 litro de cristaloide e compressão externa de ferimento sem controle da hemorragia, realizados no pré-hospitalar.
Após chegada, reposição com mais um litro de cristaloide e solicitada transfusão imediata de hemoderivados. Devido à falha da compressão externa – mantida durante o atendimento – e necessidade de correção da hipovolemia, optou-se por abertura da cavidade abdominal na sala de emergência realizando o preenchimento da mesma com compressas e consequente compressão da área vascular lesada, interrompendo o sangramento. Ao todo, transfundidos três concentrados de hemácias, corrigidos distúrbios secundários e realizados 6 ciclos de RCP. Após tais medidas, notou-se retorno a circulação espontânea e a vítima foi transferida ao centro cirúrgico; durante o transporte, mantida compressão sobre área vascular lesada.
Durante laparotomia exploradora, identificada lesão em artéria e veia ilíaca comum e múltiplas perfurações em delgado. Realizada ressecção segmentar, enteroanastomose e rafias vasculares sem intercorrências. Durante revisão da cavidade, visualizadas áreas de sofrimento intestinal, porém paciente evoluiu com piora hemodinâmica, apresentou nova PCR, cessados esforços e constatado óbito.
Discussão
O TCCC difundiu o mnemônico MARCH (Massive hemorrhage; Airway; Respiration; Circulation; Head injury/Hypothermia), lista de verificação que prioriza ameaças imediatas à vida e depois lesões que resultariam em morbimortalidade tardia. Na 9ª edição do PHTLS, tais técnicas foram admitidas através do XABCDE, onde X (hemorragia exsanguinante) é prioridade, tornando-se semelhante ao MARCH. Assim, o controle da hemorragia faz-se imprescindível para a transferência do paciente ao intra-hospitalar e, posteriormente, ao centro cirúrgico.
No caso descrito, a abordagem ainda na sala de emergência, fez-se necessária para garantir controle da hemorragia e o transporte ao centro cirúrgico, isso permitiu a sobrevivência do paciente para a laparotomia subsequente.
Palavras Chave
Trauma abdominal penetrante; TCCC; XABCDE; hemorragia; sala de emergência
Área
TRAUMA
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto - SP - São Paulo - Brasil
Autores
Mayume Silva Kavagutti, Rodrigo Tadeu Rodrigues Silvestre, Fernanda Zamperlini, Eduardo Brenner Cavalcante Marques, Felipe de Seixas da Silva, Mallu Emrich Leao, Larissa Ganança Buosi