Dados do Trabalho


Título

RESSECÇAO DE CARCINOMA INFILTRATIVO RECIDIVANTE DE FACE COM RECONSTRUÇAO COM RETALHO DE GRANDE DORSAL: RELATO DE CASO

Introdução


Carcinoma epidermóide (CEC) é um dos tumores de pele mais comuns e com elevada incidência. Esse tipo de lesão pode aparecer em qualquer parte do corpo, com preferência para áreas mais foto-expostas. Tem apresentações variadas, e não raramente sua excisão cirúrgica deixa defeitos importantes, e a reconstrução das estruturas pode ser um desafio. Nesse caso, será relatado um CEC invasivo extenso com reconstrução usando o músculo grande dorsal.

Relato de Caso

Paciente masculino, 77 anos, com história de lesão em região malar esquerda há 1 ano, com exérese prévia e recidiva extensa no mesmo sítio há cerca de 4 meses. Queixava-se de sangramento, dor no local da lesão e crescimento progressivo. Exame anatomopatológico da biópsia evidenciou CEC moderadamente diferenciado com extensão à hipoderme e limites cirúrgicos comprometidos. Planejou-se então ressecção cirúrgica. Foi realizada ressecção da lesão, exenteração da órbita, remoção parcial do osso zigomático e do teto do seio maxilar esquerdo e parotidectomia total esquerda, associada à esvaziamento cervical esquerdo de níveis I a IV. Em virtude da perda cutânea que representou quase a totalidade da hemiface, a reconstrução foi realizada com avanço de retalho do músculo grande dorsal. Paciente evoluiu sem complicações no pós-operatório e segue com boa recuperação.

Discussão

O CEC é uma neoplasia maligna dos queratinócitos da epiderme, considerada a segunda neoplasia mais frequente da pele, representando 20% dos dos cânceres de pele não-melanoma. Outros fatores de risco incluem agentes cancerígenos industriais, radiação ionizante e processos inflamatórios crônicos. O CEC geralmente é visto na face, predominantemente nas bochechas e no lábio inferior, e pode assumir um dos seguintes tipos: ulcerativo, nodular, queratótico nodular, vegetativo e superficial. Na escolha de tratamento, deve-se considerar aspectos como idade e condições clínicas do doente, resultado estético, localização anatômica, tamanho e limites do tumor, além do padrão histológico, número de lesões e se o tumor é primário ou recidivado. Existem muitos tratamentos para o câncer de pele, mas a reconstrução após excisão cirúrgica é etapa essencial. A melhor maneira de reconstrução após exérese da lesão é fechamento primário, quando possível. Nas ressecções de lesões muito infiltradas, retalhos mais utilizados são dos músculos reto do abdome e músculo grande dorsal. Os fatores de risco associados com recorrência e metástases incluem tamanho da lesão > 2 cm de diâmetro, localização na parte central de face ou orelhas, longa duração da lesão, excisão incompleta, tipo histológico agressivo ou envolvimento perineural ou perivascular. 3,7% a 5,2% dos pacientes apresentam metástase nodal e 1,5% a 2,1% morrem devido ao CEC. Portanto, percebe-se que reconstruções faciais em CEC de grande extensão pode ser um problema, e que o retalho livre de regiões como o dorso pode ser uma boa opção a ser utilizada.

Palavras Chave

RETALHE GRANDE DORSAL
CARCINOMA EPIDERMÓIDE

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Victor Antônio Brocco, Murilo D Oliveira , Andreas Weiand Camara, Virgílio Gonzales Zanella, Luiz Felipe Osowski, Nicole Elen Lira, Pedro Miguel Goulart Longo, Bárbara Colombo