Dados do Trabalho


Título

APENDICITE AGUDA E A PANDEMIA DE SARS-COV2 - UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS ANOS DE 2019 E 2020

Objetivo

Comparar os casos de apendicite aguda ocorridos no mesmo período de 2019 e 2020, na vigência da pandemia por SArS-CoV 2. Correlacionar a duração da queixa principal e procura ao serviço médico, associado ao tipo de cirurgia, fases da doença e complicações, bem como avaliar os desfechos pós cirúrgicos, incluindo tempo de internação, reabordagens e óbitos.

Método

Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo com levantamento de dados através de prontuário, realizado no Hospital Estadual Vila Alpina, localizado na zona leste de São Paulo. O período avaliado compreende os meses de março a junho de 2019 e 2020. Os critérios de inclusão foram o casos de apendicite aguda diagnosticados clínico e radiologicamente. As variáveis analisadas foram: tempo de sintomas, fase da doença, achados intraoperatórios, anatomopatológico, tempo de internação, desfecho e reabordagens cirúrgicas.

Resultados

No período compreendido entre março a junho de 2019 houve um total de 5600 atendimentos no Pronto Socorro de Cirurgia Geral, sendo 78 diagnósticos de apendicite aguda; enquanto no mesmo período de 2020, observou-se redução de 47,17% no número total de atendimentos, totalizando 2958, com 64 casos de apendicite aguda.
O tempo médio entre o início dos sintomas e a procura por atendimento foi de 3,05 dias em 2019 e 2,70 em 2020. Os tipos de cirurgia compreenderam técnicas abertas e videolaparoscópicas. Quanto aos achados intraoperatórios relativos a fase da apendicite aguda, em 2019, as fases 2 e 4 foram as mais prevalentes, com 34,61% dos casos cada. Em 2020, este padrão se manteve, sendo 49,62% na fase 2 e 23,43% na fase 4, entretanto se observou um aumento no número de casos em fase 3 de 50% quando comparado ao ano anterior.
A média de internação foi de 3,08 dias em 2019 e 3,12 em 2020. Quanto a evolução, naquele ano 5 pacientes necessitaram de internação em Unidade de Tratamento Intensivo e, neste, 2, sendo que um evoluiu a óbito. Tratando-se das complicações, houve 2 reabordagens para drenagem de abscesso intracavitário em 2019, enquanto em 2020 foram necessárias 4 reabordagens, sendo 2 drenagem de abscesso intracavitário, 2 ressuturas de parede devido a evisceração e eventração.
Em relação ao resultado anatomopatológico de 2019, 2 foram tumor neuroendócrino e os demais confirmaram apendicite aguda em diferentes estágios. Já em 2020 apenas 1 caso diferiu de apendicite aguda, evidenciando adenocarcinoma.

Conclusões

A pandemia impactou significativamente no número de atendimento médico neste serviço. No entanto, as políticas públicas de isolamento social relacionado ao COVID 19 não aumentaram o intervalo entre o início de sintomas sugestivos de apendicite aguda e a busca por atendimento médico. As complicações no pós-operatório desta patologia dobraram na vigência da pandemia e o único óbito deste estudo ocorreu no ano de 2020, evidenciando um pior desfecho, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Palavras Chave

APENDICITE AGUDA; COVID; ABDOME AGUDO

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

HOSPITAL ESTADUAL VILA ALPINA - São Paulo - Brasil

Autores

Mario Luiz Quintas, Jessyca Resende Colombo, William Marchelli Vilela Costa, Gabrieli Melissa Oissa, Suelen Magdalena de Stefani, Marcela Ferrari Borges Leal, Carlos Miguel Cunha Abrão de Oliveira