Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA PRIMARIO PRE-SACRAL

Introdução

O espaço pré-sacral tem potencial para desenvolvimento de um grupo heterogêneo de tumores, pois a região contém remanescentes embriológicos de tecidos derivados das três camadas germinativas. Tumores pré-sacrais são raros, majoritariamente benignos, e compõem um grupo heterogêneo do ponto de vista histo-embriológico. Devido à sua raridade e à escassa disponibilidade de literatura relacionada a tais tumores, a condução desses casos ainda hoje é um grande desafio.

Relato de caso

Mulher de 51 anos, com tumoração coccígea, a qual relatou possuir desde a infância, com aumento progressivo nos últimos 15 meses, associada à dificuldade miccional e aumento do volume abdominal. Tomografia de abdome de 2003 com imagem expansiva pré-sacral à esquerda de 6,0 x 5,0 cm de diâmetro, componentes de gordura, aspecto nodular, lobulado, com calcificações marginais, compatível com teratoma; punção aspirativa por agulha fina de 2003 negativa para células neoplásicas. Anatomopatológico de cirurgia prévia de 2019 de ooforectomia direita e apendicectomia sem atipias. Exame físico com abaulamento em região perianal na projeção do cóccix; toque retal com abaulamento de parede posterior e mucosa lisa. Colonoscopia de 2020 não revelou comprometimento da mucosa intestinal. Ressonância magnética de 2020 com grande lesão expansiva na pelve, com epicentro posterior no cóccix, predomínio de gordura, mas com componentes císticos, calcificações e vasos no interior, de 10,9 x 13,0 x 16,5 cm e volume de 1215,8cm²; porção aderida ao cóccix multilobulada, com componente cístico com nódulos murais que se realçavam e com restrição à difusão. Hipótese mais provável: teratoma sacrococcígeo complexo. Biópsia do fragmento da lesão sacral com células atípicas. CEA pré-operatório: 30,8. Realizada ressecção cirúrgica das massas por via combinada (transabdominal anterior e perineal), com histerectomia total e anexetomia bilateral. Laudo do anatomopatológico demonstrou adenocarcinoma, aventando a hipótese de adenocarcinoma metastático com sítio primário em região colorretal, porém investigações não identificaram nenhuma evidência de doença metastática, e o valor do CEA no pós-operatório foi de 1,0 ng/mL. Optou-se por realizar terapia adjuvante semelhante à administrada para câncer colorretal, devido ao diagnóstico morfológico.

Discussão

O caso destaca a existência do adenocarcinoma primário como diagnóstico diferencial de massas pré-sacrais, ressaltando que a transformação maligna, embora rara, pode ocorrer.
Métodos de imagem podem ser úteis na tentativa de classificação, porém o diagnóstico definitivo é realizado por meio de exame histopatológico. Os relatos existentes corroboram a importância da ressecção cirúrgica completa para diagnóstico e tratamento primário. Porém, não há recomendação padrão acerca da conduta terapêutica adequada no pós-operatório, necessitando-se de encaminhamento para centro especializado em oncologia, a fim de que a terapia adjuvante seja decidida de forma individualizada e multidisciplinar.

Palavras Chave

Adenocarcinoma. Região sacrococcígea.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Faculdade de Medicina do Centro Universitário Barão de Mauá - São Paulo - Brasil

Autores

Maria Eugênia Siquelli Soares, Andre Luiz Prezotto Villa