Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO – LINFOMA TIPO B FOLICULAR PRIMARIO DE INTESTINO DELGADO

Introdução

O trato gastrointestinal (TGI) é o local extranodal com maior incidência de linfoma, principalmente o não-Hodgkin. Linfomas primários do TGI são raros, correspondendo a 1-4% de todas as neoplasias malignas do TGI. Em TGI, acomete mais o estômago, seguido do intestino delgado (ID). Acometimento primário extranodal por linfoma do tipo folicular sem acometimento linfonodal periférico é encontrado em <7% dos linfomas primários do TGI. Apesar de raro, é importante o conhecimento sobre linfoma primário do ID, visto que sua avaliação, diagnóstico, tratamento e prognóstico são distintos dos linfomas secundários ou outras neoplasias do TGI.

Relato de Caso

M.L.O, 48 anos, masculino, atendido no ambulatório de oncocirurgia do HSPE, com dor epigástrica há 2 meses, e piora há 3 semanas, tipo cólica, de resolução espontânea em meia hora, sem vômito ou perda ponderal. Hábito intestinal constipado com empachamento gástrico de início há 2 anos. Paciente com depressão e transtorno de ansiedade, nega alergias, história oncológica prévia ou vício. Ao exame físico, apresentava abdome flácido, indolor à palpação superficial e profunda, massa palpável em mesogástrio, ausência de linfonomegalias periféricas, sem outras alterações. Em propedêutica de imagem, tomografia de abdome mostrou massa sólida, bem delimitada, 44 mm, em mesogástrio paramediana direita associada a aumento numérico linfonodal local, algum edema e inflamação mesentérica local. Em abordagem cirúrgica: achado de lesão infiltrativa em raiz de mesentério com 5x4cm, em topografia de artéria mesentérica superior, linfonodomegalias em mesentério e duas áreas de espessamento de delgado (4cm de extensão a 140cm do Treitz; 3cm de extensão a 14 cm distal da primeira). Realizado enterectomia segmentar contemplando as duas lesões e lindonodo de mesentério adjacente. Boa evolução em pós-operatório, sem complicações. Em anátomo-patológico encontra-se: Linfoma infiltrando até serosa com perfil imuno-histoquímico compatível com Linfoma B Folicular, Grau 1. Paciente encaminhado para hematologia que indicou adjuvância com rituximab.

Discussão

O tratamento do linfoma intestinal ainda é incerto na literatura, sendo relativamente pior do que o do linfoma gástrico, dependendo de seus subtipos histológicos. O linfoma localizado no intestino delgado geralmente exige laparotomia com remoção do segmento afetado tanto para diagnóstico quanto para tratamento. Assim, é difícil a análise da eficácia do tratamento cirúrgico versus clínico. Para o subtipo B folicular, os casos sintomáticos ou doença avançada indica quimioterapia adjuvante, sendo a primeira linha o esquema CHOP. Estudos mais recentes indicam benefício da adjuvância com rituximab, porém necessita aprofundamento para melhores evidências. O prognóstico é variável, sendo a idade inferior a 60 anos, estágio inicial, localização em delgado ou ileocecal e subtipos de células associados a melhor sobrevida com o tratamento.
Este relato de caso colabora para aumentar informações sobre esta rara doença.

Palavras Chave

Linfoma, Folicular, Intestino Delgado

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

Flávia Rocha Nerone, Raul Loures, Zêmia Maria Câmara Costa Ferreira, Carolina Sabadoto Brienze, Daniel Maia de Vasconcelos Lima, Emilia Virginia Lima Curvelo Fontes, Lucimara Sonja Villela de Miranda, José Francisco de Mattos Farah