Dados do Trabalho


Título

APENDICITE AGUDA EM GESTANTE DE 29 SEMANAS: RELATO DE CASO

Introdução

A apendicite é a causa mais comum de abdômen agudo e de indicação cirúrgica não obstétrica na gestação. A clínica é inespecífica, e confundida com alterações fisiológicas da gestação, tendo assim, seu diagnóstico dificultado neste período. A ultrassonografia ainda é o exame de imagem mais realizado e o tratamento é sempre cirúrgico associado à antibioticoterapia. O presente estudo relata um caso de diagnóstico tardio de apendicite em gestante, com dificuldade diagnóstica através da clínica e exame de imagem.

Relato de Caso

Paciente de 38 anos, G2PC1A0, idade gestacional de 29 semanas e 2 dias, com história de alergia à penicilina, cólica nefrítica e colecistectomia prévia, deu entrada no pronto socorro em 23/08/2019 com quadro de dor em região epigástrica em queimação. Realizados exames laboratoriais e US sem alterações, recebendo alta com sintomáticos. Retornou ao serviço no dia seguinte, com dor em flanco direito, irradiada para lombar, associada a calafrios, febre aferida e disúria. Ao exame paciente apresentava-se febril, taquicárdica, e Giordano positivo à direita. Foi solicitado US de vias urinárias que evidenciou rim direito com redução da relação pielocortical e borramento adjacente, sugerindo quadro de pielonefrite e iniciado tratamento com ceftriaxona. No dia seguinte foi solicitado avaliação do serviço de cirurgia geral devido à manutenção do quadro álgico e plastrão palpável em fossa ilíaca direita. Solicitada nova US que evidenciou imagem tubuliforme associada à hiperrefringência da gordura e líquido livre adjacente. Paciente foi submetida à apendicectomia que evidenciou apêndice grau IV-C com colocação de dreno e antibioticoterapia com Ceftriaxona e Metronidazol. Em 01/09, evoluiu com sepse de foco abdominal, sendo indicada cesárea de urgência, com boa evolução materna e do recém nascido.

Discussão

Na gestação o diagnóstico de apendicite em geral é um obstáculo devido a alterações anatômicas como o útero em expansão e ainda, devido a náusea, desconforto abdominal e leucocitose, fisiológicos desse período. Embora a US seja o exame de imagem mais realizado, com elevada sensibilidade e especificidade, essas podem ser reduzidas após a 32ª semana ou caso haja inflamação do apêndice, podendo ser a razão da dificuldade de visualização do mesmo em duas ultrassonografias na internação. Dessa forma, deve-se levar em consideração que mesmo que o US não evidencie achados compatíveis com apendicite aguda, não se pode descartar tal diagnóstico devido a sua prevalência de 1/500 a 1/635 ao ano, sendo importante em casos duvido sos, lançar mão de outros exames como Ressonância Nuclear Magnética. O tratamento é consensual através da apendicectomia e antibioticoterapia com cobertura de germes gram-positivos e negativos. O diagnóstico e cirurgia devem ser realizados o mais precoce possível, para que seja evitado complicações como a perfuração, que está associada a maior risco de perda fetal. A cesariana em geral não é indicada no momento da apendicectomia.

Palavras Chave

apendicite aguda; gravidez; complicações na gravidez.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA - São Paulo - Brasil

Autores

YGOR ROCHA FERNANDES, ANA CLARA MAIA PALHANO, KAREM FANI ROCHA FERNANDES