Dados do Trabalho
Título
CASO DE COLECISTITE AGUDA COMPLICADA COM FISTULA COLECISTOCUTANEA E COLECISTODUODENAL.
Introdução
A colelitíase é uma doença extremamente comum. Estima-se sua prevalência populacional em cerca de 10% no Brasil (1) e em até 15% nos Estados Unidos (2). Na maior parte dos casos necessita de tratamento operatório sobre tudo nas formas complicadas: colecistite aguda, pancreatite aguda, coledocolitíase e colangite.
Ocorre colecistite aguda litiásica quando há obstrução do ducto cístico por um cálculo. Leva à distensão, inflamação e até isquemia da vesícula (3). Entre 1 e 2% dos portadores de cálculos biliares se tornam sintomáticos a cada ano de doença; entre esses pacientes (os sintomáticos), a incidência de colecistite é de 10% (2, 4).
A colecistite aguda não tratada adequadamente pode evoluir para a formação de fístulas da vesícula com órgãos adjacentes. De todas as fístulas da via biliar, as mais comuns são: colecistoduodenal (77-90%), colecistocólica (8-26,5%), coledocoduodenal (5%) e colecistogástrica (2%) (5).
Corvoisier estudou 499 casos de colecistite aguda em 1890 e constatou a presença de fístula colecistocutânea em 169 deles (33,86%) (6). Atualmente, sua ocorrência é rara devido à evolução da medicina e a melhora do acesso à saúde.
O caso a seguir é de um paciente com um abscesso na parede abdominal secundário a uma fístula colecistocutânea, provável complicação de uma colecistite aguda.
Relato de Caso
Masculino, 61 anos, hipertenso, tabagista e etilista com queixa de abaulamento e dor no hipocôndrio direito há 20 dias que há 4 dias passou a apresentar orifício de drenagem com saída espontânea de secreção purulenta e cálculos. Ao exame físico apresentava tumor de 5 cm no hipocôndrio direito com sinais flogísticos e saída do conteúdo já citado. O abdome era flácido e indolor e não havia febre, Icterícia ou taquicardia. Realizou tomografia computadorizada de abdome e pelve com contraste endovenoso que evidenciou coleção de 7 cm no subcutâneo do hipocôndrio direito e vesícula de paredes espessadas com cálculos de até 1,7 cm além de borramento da gordura perivesicular. Foi indicada a drenagem do abcesso e antibioticoterapia. Permaneceu 5 dias internado em uso de Ceftriaxone e Metronidazol, recebeu alta hospitalar com programação de colecistectomia e correção da fístula eletivamente.
Incisão subcostal direita. Importante bloqueio no hipocôndrio direito. Após liberação das estruturas envolvidas, foi identificado trajeto fistuloso entre o fundo vesicular e a pele e entre o infundíbulo vesicular e o duodeno. Foi realizada colecistectomia, sutura em 2 planos do orifício duodenal e drenagem da cavidade. Apresentou evolução satisfatória tendo sido retirado o dreno no sétimo dias pós-operatório e tendo alta hospitalar em seguida
Discussão
A ocorrência de fístula colecistocutânea é rara nos dias de hoje uma vez que houve melhora na assistência médica e no acesso à saúde. Ocorre em poucos casos de colecistite aguda não tratadas adequadamente.
Palavras Chave
Fistula Colecistocutanea, colecistoduodenal, via biliar, colecistite, Colelitiase
Área
VIAS BILIARES
Instituições
HOSPITAL SÃO LUIZ GONZAGA- ISCMSP - São Paulo - Brasil
Autores
Lucas Moreto Betini, Henrique Cunha Mateus, Armando Angelo Casaroli, Flávio De Pádua Brito Almeida, João Jorge Saab Filho, Jorge Michel Antonopoulos, Allan Irwin Leite Bezerra, Caio Zanotti Crochick