Dados do Trabalho


Título

COLITE COLAGENOSA: UMA CAUSA FREQUENTE DE DIARREIA CRONICA AINDA SUBDIAGNOSTICADA

Objetivo

A colite colagenosa (CC) é uma das formas com que a colite microscópica (CM), uma síndrome clínica caracterizada pela inflamação crônica do cólon, se apresenta principalmente em mulheres a partir da quinta década de vida. A doença se manifesta através de diarreia crônica, incontinência fecal, perda de peso e dor abdominal. Conquanto ainda rara, essa síndrome vem crescendo nas últimas duas décadas sugerindo uma hipótese cada vez mais relevante. Sendo assim, um estudo retrospectivo com 9 pacientes de hospitais de Caxias do Sul-RS foi realizado para avaliar e comparar aspectos clínico-patológicos dos pacientes avaliados com CC.

Método

Foram analisados prontuários médicos, através de um estudo retrospectivo, de 9 pacientes, todas mulheres acima de 40 anos, internados com queixa de diarreia crônica ou recorrente em hospitais de Caxias do Sul-RS no período de fevereiro de 2018 a maio de 2019. Inicialmente, coletaram-se os dados clínicos e após foram avaliadas variáveis referentes a biópsia histopatológica de tecidos de cólon e reto achados na colonoscopia.

Resultados

Analisando os dados, percebeu-se que todas as amostras possuíam espessamento da membrana basal, presença de granuloma ou fissuras, pesquisa de parasitas e ovos negativa e sinais de inflamação crônica. Na CC, há infiltração da lâmina própria do cólon ou íleo terminal por células inflamatórias e linfócitos intra-epiteliais no qual se observa ainda colágeno subepitelial (>10μm), como evidenciado no estudo. Embora a etiologia seja desconhecida, têm-se responsabilizado fármacos como anti-inflamatórios, beta-bloqueadores, inibidores da bomba de prótons e inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Entre os fatores de risco, destacam-se a idade avançada, o sexo feminino e o tabagismo. Entre os diagnósticos diferenciais para diarreia não sanguinolenta devemos levar em consideração causas infecciosas bacterianas ou parasitárias, distúrbios endócrinos como hipertireoidismo, doença celíaca, doença inflamatória intestinal e síndrome do cólon irritável. Além do mais, saber sobre o uso de medicações é fator importante para esclarecer o diagnóstico.

Conclusões

Frente ao exposto, embora menos comum do que intolerâncias alimentares, síndrome do intestino irritável e parasitoses, a CC deve ser posta em pauta nos dias atuais, sobretudo, quando são observados padrões corriqueiros para a doença em questão. Sexo feminino, idade avançada e tabagismo servem como sinais de alerta para a suspeita frente a uma clínica de diarreia crônica ou recorrente não sanguinolenta. Após a colonoscopia, a avaliação histopatológica dos fragmentos coletados faz-se imperiosa para a descrição das características patognomônicas da doença. Nesse âmbito, mesmo com a mucosa sem alterações, deve-se informar o médico patologista sobre a hipótese avaliada, uma vez que a CC vem crescendo nas últimas duas décadas e sua presença frequentemente se encontra subdiagnosticada.

Palavras Chave

Colite Colagenosa; Colite Microscópica; Diarreia Crônica

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Geral de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Alesandra Bassani, Tulio Slongo Bressan, Guilherme Filipe Kempf, Milena Prigol Dalfovo, Flavia Rauber Felkl, Amanda Dal Ponte, Leonardo Teza Bernardo, Victoria Luiza Pires