Dados do Trabalho


Título

BAÇO ACESSORIO ULCERADO EM FUNDO GASTRICO OCASIONANDO HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA

Introdução

A presença de baço acessório é relativamente comum e observada em 10 a 30% das autopsias e 16% das tomografias de abdome com contraste. Sabe-se que o baço acessório pode ser uma condição congênita ou adquirida, com hiperplasia compensatoria de tecido esplênico remanescente após esplenectomia. Tal condição costuma ser assintomática, porém a descoberta tem relevância clínica em alguns pacientes, principalmente na diferenciação de massas tumorais. A presença de baço acessório gástrico é rara. O presente caso relata a localidade não usual de baço acessório em fundo gástrico, descoberto em laparotomia exploradora devido a ulceração levando a hemorragia digestiva alta grave, refrataria ao tratamento endoscópico e radio intervencionista, em paciente submetido a esplenectomia total há 38 anos.

Relato de Caso

M.V.C.S. 50 anos, deu entrada em pronto socorro devido a cansaço extremo e fezes escurecidas há 03 semanas. Havia sido submetido a esplenectomia total e nefrectomia total esquerda por laparotomia devido a trauma quando tinha 12 anos. Há 10 anos foi submetido a laparotomia exploradora para lise de bridas devido a oclusão intestinal. Ao exame físico de admissão o paciente encontrava-se com sinais de choque hipovolêmico e anemia sintomática. Sem alterações abdominais. Toque retal com melena em dedo de luva. Compensado as custas de cristaloide e coloide e realizada endoscopia digestiva alta (EDA), evidenciando lesão sub epitelial, medindo cerca de 5 cm, localizada em grande curvatura de fundo gástrico, com área de ulceração central e coto vascular com sinais de sangramento recente. Realizada hemostasia com injeção de solução fisiológica com adrenalina na diluição de 1:10.000, no total de 7ml, não sendo possível a aplicação de endoclip de hemostasia devido a posição da lesão, inacessível ao clipador, apesar de manobras de mudança posição de paciente durante procedimento. Manteve sangramento refratário a EDA. Optado por realizar arteriografia com embolização de artérias de fundo gástrico, também com refratariedade. Foi indicada laparotomia exploradora na emergência via incisão mediana, durante a qual evidenciou-se massa de aproximadamente 7cm, de aspecto lobulado, aderida a fundo gástrico por pedículo vascular. Realizada gastrectomia vertical, revisão da cavidade e fechamento. Após análise histopatológica, foi confirmada presença de tecido esplênico, sendo feito diagnostico de baço acessório ulcerando para fundo gástrico manifestando-se como hemorragia digestiva alta.

Discussão

Sabe-se que tecido esplênico remanescente após esplenectomia pode sofrer hiperplasia compensatória, por vezes atingindo tamanho de 3 a 5 cm, podendo mimetizar outras tumorações abdominais. Apesar de ser um achado acidental, sem significância clínica na maioria dos pacientes, a pesquisa, caracterização e exérese do tecido se faz necessária em situações especificas, como na ruptura espontânea, hemorragia, embolização, ulceração, torção do órgão ou retorno da função esplênica no remanescente acessório.

Palavras Chave

baço acessório ; esplenectomia ; hemorragia digestiva alta ; hda

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

REDE D´OR SÃO LUIZ - São Paulo - Brasil

Autores

MARINA CARLA GIMENEZ, GIANCARLO CIONGOLI, MARIO PEREZ GIMENEZ, JOSE CIONGOLI, Kellen MICHELLINI