Título

TRATAMENTO CIRURGICO DE LESOES IATROGENICAS DO SISTEMA BILIAR EXTRA-HEPATICO

Objetivo

Lesões iatrogênicas traumáticas do trato biliar extra hepático embora raramente ocorram, podem levar a lesões extremas com altas complicações e morbidades. O objetivo do presente estudo é avaliar estratégias de manejo e resultados de pacientes com lesões iatrogênicas do ducto biliar.

Método

Trata-se de um estudo retrospectivo. Durante 15 anos, 100 pacientes foram tratados de lesões biliares iatrogênicas em determinada instituição. Os dados relacionados à etiologia da lesão do trato biliar, seus sintomas, tempo de acometimento ao diagnóstico, tipo de lesão, tratamento, tempo de internação e complicações pós-operatórias foram revisados.

Resultados

As principais apresentações clínicas foram icterícia ou colangite recorrente em 54 pacientes (54%), seguidas por peritonite biliar em 34 (34%) e fístula biliar em 12 pacientes (12%). Apenas em 26 casos (26%), a lesão foi reconhecida no intraoperatório. O procedimento cirúrgico mais frequente foi a colecistectomia aberta em 92 dos 100 pacientes (92%). Os demais foram operados por laparoscopia. Bons resultados foram observados em 73 pacientes com reparo incluindo hepatojejunostomia. Foram detectados 17 casos de estenoses biliares após a técnica de sutura direta e quatorze casos de mortalidade pós-operatória. A taxa de mortalidade foi afetada principalmente pelo sexo feminino, idade avançada e existência de peritonite biliar. No total, 64 pacientes ainda estão vivos com um tempo médio de seguimento de 42 ± 18 meses (3-260 dias). Dos pacientes estudados, 83 são do sexo feminino e 17 do sexo masculino. A média de idade é de 43 ± 18 anos e o Índice de Massa Corpórea tem média de 28 ± 9 Kg/m². De acordo com a classificação de Bismuth, 17 lesões foram qualificadas como tipo I, 33 como tipo II, 49 como tipo III e 1 lesão como tipo IV. O tempo médio de operação foi de 325 ± 186 min; a média do volume de sangue perdido foi de 290 ± 210 ml e o tempo de permanência foi de 49 ± 29 dias. Seguindo a escala de complicações cirúrgicas de Clavien, 37 procedimentos foram classificados como Grau 1, 22 como Grau 2, 10 como Grau 3 e 14 como Grau 4. O índice de mortalidade foi de 14%. A média de procedimentos realizados por paciente foi de 2 ± 1, com um tempo médio de seguimento de 42 ± 18 meses.

Conclusões

Lesões biliares podem ser, por vezes, complicações potencialmente fatais. Um reparo bem-sucedido pode fornecer aos pacientes um alívio permanente dos sintomas, enquanto um reparo falho pode resultar em obstrução biliar recorrente, reoperação e até óbito.

Palavras Chave

Ductos Biliares; Ductos Biliares Extra-Hepáticos; Cirurgia; Complicações Pós-operatórias;