Título

APENDICITE EM GESTANTE E ILEOTRANSVERSOSTOMIA POR TÉCNICA DE ROCKEY-DAVIS: RELATO DE CASO

Introdução

A apendicite aguda é a afecção cirúrgica não-obstétrica mais comum no período gestacional, com prevalência no segundo trimestre da gravidez. ¹⸴² A fisiopatologia da doença descreve um processo infeccioso que exige intervenção cirúrgica de urgência.³ Na gestante, no entanto, o seu diagnóstico é desafiador e, em muitos casos, torna-se tardio.⁴ Isso porque o seu quadro clínico-laboratorial pode se confundir com as mudanças anatomofisiológicas da gestação e com as queixas gineco-obstétricas, predispondo este grupo de pacientes a complicações materno-fetais.⁴⸴⁵ Nestas condições, predomina-se na abordagem cirúrgica a técnica por laparotomia exploradora, devido ao difícil diagnóstico pré-operatório ou complicações desenvolvidas, como a peritonite difusa.⁶ Neste trabalho, reportamos um caso de apendicite aguda durante a gestação em que foi necessário intervir com uma colectomia direita através da técnica de Rockey-Davis modificada à altura da cicatriz umbilical.

Relato de Caso

Paciente de 19 anos, gestante de 30 semanas, com dois partos prévios e zero aborto, procedente de internação do Pronto Atendimento hospitalar, relata dor abdominal em fossa ilíaca direita (FID). Ao exame físico, notou-se durante a palpação uma tumoração em FID. Procedeu-se a investigação diagnóstica laboratorial, sem achados de leucocitose, e feito exame ultrassonográfico que apontou sinal de plastrão, associado à espessamento de alças intestinais em fundo cego. Paciente foi submetida à intervenção cirúrgica, por técnica de Rockey-Davis modificada, localizando-se bloqueio do ceco até o cólon direito, sem reconhecimento do apêndice, sendo necessário a realização de uma colectomia direita e íleotransversostomia. Paciente evoluiu bem, com padrões fetais dentro da normalidade, assistida pela cirurgia geral e obstetrícia, recebendo alta.

Discussão

O tipo de técnica selecionada para abordagem cirúrgica na gestante não é tão discutido na literatura, sendo que, na sua maioria opta-se por intervir via laparotomia mediana e, em raros casos, laparoscópica.⁸⸴⁹⸴¹⁰ O relato acima traz uma abordagem pela técnica de Rockey-Davis à altura da cicatriz umbilical, para realização de colectomia direita e íleotransversostomia. Tal técnica possibilitou resolução da patologia sem complicações procedentes, além de permitir o acesso à cavidade com menor mobilidade do útero gravídico, o que reduz o risco do trabalho de parto prematuro mencionado na literatura.⁶ Tratamos com ênfase ainda que a forte suspeição diagnóstica precoce e o tratamento cirúrgico rápido são determinantes na redução do índice de morbimortalidade materno-fetal.⁶⸴⁷

Palavras Chave

Apendicite na gestante, ileotransversostomia, técnica de Rochey- Davis