Dados do Trabalho


Título

CIRURGIA DE RESGATE PARA CEC CANAL ANAL COM METASTASE LINFONODAL: UM RELATO DE CASO

Introdução

O Carcinoma Espino-Celular (CEC) de canal anal é uma doença com incidência crescente nas últimas décadas e, apesar disso, houve pequenos avanços com relação ao tratamento do CEC de canal anal desde o tratamento proposto por Nigro et al que ainda hoje é o padrão-ouro de tratamento.
A combinação multimodal de quimioterapia e radioterapia proposta, permite a preservação esfincteriana e a remissão da doença na maioria dos casos; entretanto, cerca de 30-40% dos pacientes evoluem com progressão de doença, sendo então a cirurgia de resgate indicada.

Relato de Caso

Paciente N.L.S., 45 anos, sexo feminino, previamente hígida, com diagnóstico de carcinoma espinocelular (CEC) de canal anal com acometimento linfonodal (linfonodo ilíaco comum direito com cerca de 2,2 x 1,3 cm). Realizou esquema com cisplatina (20mg/m2 q7d) + capecitabina (825mg/2 2x/d nos dias de RT) + RT no período de 19/07 a 29/05/19, porém manteve lesão residual no tumor primário e sem redução da metástase linfonodal, apresentando-se com dor crônica em Membro Inferior Direito (MID) por acometimento de nervo obturatório, mesmo em uso continuo de opióides, sendo necessária longas internações para controle álgico.
Foi submetida a exérese de massa tumoral em parede lateral pélvica direita com ressecção de ambos vasos ilíacos, artéria e veia, internos e externos direito, cistectomia parcial e ressecção de ureter direito e amputação abdominoperineal de reto, reconstrução arterial com enxerto fêmoro-femoral cruzado com dacron, reimplante de ureter direito e rafia de bexiga.
Evoluiu no pós-operatório imediato com síndrome compartimental em MID sendo submetida a fasciotomia, permanecendo 5 dias em UTI, devido a Sindrome da Resposta Inflamátoria Sistêmica (SIRS). Seguiu internação, realizando curativos em MID e vigilância de viabilidade do mesmo, recebendo alta no vigésimo sétimo dia de pós-operatório.
O anatomopatológico da peça cirúrgica revelou ausência de neoplasia residual no reto e CEC na linfadenectomia pélvica lateral.
Atualmente, segue em acompanhamento em uso contínuo de Dipirona, Morfina, Amitriptilina e Gabapentina, sendo em doses muito menores e facilmente manejável ambulatorialmente.

Discussão

Apesar do refinamento nos esquemas de quimiorradioterapia para o tratamento de câncer de canal anal, estudos retrospectivos sugerem que cerca de 20% a 25% dos casos desenvolvem recidiva local em algum ponto dos primeiros 3 anos de seguimento, além dos casos que não apresentam resposta clínica completa ao tratamento inicial. Para estes casos, temos a cirurgia de resgate, a amputação abdominoperineal de reto.
Os pacientes ainda podem apresentar metástases a distancia, sendo os pulmões e o fígado os locais mais comuns, porém também podem cursar com metástases linfonodais, que geralmente são incluídas no campo de radioterapia durante o tratamento principal, sendo a cirurgia de resgate, um tratamento de exceção para esses pacientes.

Palavras Chave

Carcinoma espinocelular
Canal anal
Linfadenectomia pélvica lateral

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Marília Marcelino, Ana Sarah Portilho, Marleny Novaes, Rafael Vaz Pandini, Lucas Soares Gerbasi, Victor Seid, Sérgio Araujo