Dados do Trabalho


Título

DESCOBERTA TARDIA DE HIDRONEFROSE GIGANTE POR URETEROCELE BILATERAL: RESOLUÇAO ENDOSCOPICA IMEDIATA

Introdução

Ureterocele é uma dilatação do ureter intravesical mais comumente observada em mulheres e crianças, apresentando-se, geralmente, com infecções e dor abdominal associadas. A maioria é diagnosticada intra-útero ou imediatamente após o nascimento. A apresentação em adultos é incomum e obstrução pielocalicial é uma de suas possíveis complicações, podendo ocasionar hidronefrose gigante (GHN), uma entidade clínica incomum.

Relato de Caso

FOS, 39 anos, é admitido no pronto atendimento queixando-se de dor lombar agudizada. Não possuía acompanhamento urológico prévio e ausência de sintomas urinários. A tomografia computadorizada de abdome e pelve evidenciou rins com aspecto de hidronefrose gigante, dilatação pielocaliceal e ureterocele bilateral com dilatação moderada em ambos os ureteres e tortuosidade proximal ("kinking" ureteral) no ureter direito, levando a um efeito obstrutivo pós-renal agudo devido a presença de dolico-ureter, além de aumento no valor sérico de creatinina. Devido a urgência do quadro clínico, foi optado por resolução cirúrgica endoscópica imediata com o uso do Holmium laser para realização de ureterocelectomia e implante de cateter duplo-J bilateral. Optou-se por acompanhamento ambulatorial com equipe da nefrologia, descartando-se a necessidade de hemodiálise de urgência. Do ponto de vista urológico, foi realizado um implante de cateter ureteral metálico (Resonance®), que retificou a posição dos ureteres, diminuindo a dilatação pielocaliceal e melhorando a função renal e padrões obstrutivos pós-renais a médio e longo prazo, os quais já haviam se deteriorado devido ao diagnóstico tardio. Essas características foram demonstradas em uma Urorressonância Magnética realizada para controle da dilatação após correção cirúrgica. E cintilografia renal (DSMA / DTPA), que demonstrou rins esquerdo e direito com função tubular reduzida em grau discreto e alterações corticais parenquimatosas nos polos e borda lateral.

Discussão

A ureterocele é classificada de acordo com sua posição, podendo ser intramural, quando está completamente contida dentro da bexiga, e extramural quando situada no colo vesical ou na uretra. A infecção do trato urinário continua sendo a forma de apresentação clínica mais freqüente, podendo o quadro se agravar e consequentemente levar à septicemia, devido obstrução. Outras vezes, a sintomatologia é inespecífica. O manejo da ureterocele é um desafio e o assunto ainda é controverso na prática, não existindo consenso sobre a estratégia cirúrgica ideal. Muitas técnicas foram propostas, desta forma, os estudos de imagem podem influenciar decisivamente nesta escolha. O exame de primeira escolha é a ultrassonografia de vias urinárias. As abordagens endoscópicas para o tratamento desta patologia ganharam ampla popularidade nos anos 90 e, hoje são consideradas padrão-ouro para o tratamento da ureterocele intravesical, com taxa de sucesso entre 77% e 93%.

Palavras Chave

Ureterocele, Ureter, Hidronefrose, Endoscopia.

Área

UROLOGIA

Instituições

Universidade Municipal de São Caetano do Sul - São Paulo - Brasil

Autores

Soraia Damião, Enrico Andrade, João Bizário, Saulo Miranda, Caio Andrade, Júlia Alarcon, Gustavo Alarcon