Dados do Trabalho


Título

ABORDAGEM DIAGNOSTICA E TERAPEUTICO DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO SECUNDARIO A ILEO BILIAR

Introdução

Colelitiase é, dentre os casos cirúrgicos hospitalares, um dos mais comuns. Mais prevalente em mulheres aumentando com o decorrer da idade. A grande maioria é assintomática, sendo seu diagnóstico acidental, porém, cerca de 2% tornam-se sintomáticos ou apresentam complicações. Uma minoria evolui com formação de fístula enterovesical, levando à obstrução intestinal e, se a nível da válvula íleo cecal, define-se Íleo Biliar, cuja clínica mais frequente é de obstrução intestinal. A investigação se inicia com uma radiografia (RX) de abdome agudo e os achados clássicos são a tríade de Riegler. A ultrassonografia (US) de abdome é um exame complementar, e o método padrão ouro é a tomografia computadorizada (TC). O tratamento cirúrgico consiste em uma enterectomia associado a remoção dos cálculos encontrados, discutindo-se a realização de colecistectomia ou a abordagem da fístula.

Relato de caso

M.F.O.M., 58, obesa, tabagista, evolui com quadro de parada de eliminação de fezes e flatos associado a vômitos há 1 dias. Apresentava-se com abdome distendido, ruídos hidroaéreos aumentados e timbre metálico, doloroso a palpação difusa, sem peritonite. Ausência de fezes ao toque. Laboratoriais com leucocitose sem desvio e aumento de PCR. Iniciado investigação com RX de abdome agudo, com distensão de delgado, níveis hidroaéreos e presença imagens radiopacas em pelve. Prosseguiu com a realização de US de abdome que mostrava aerobilia. Feito a hipótese de íleo biliar, solicitado uma TC de abdome total que mostrou gás em via biliar intra-hepática e colédoco, distensão de delgado e flebólitos na pelve. Submetida a enterectomia seguido de remoção dos cálculos e optado por não realização da colecistectomia ou de abordagem fístula colecistoduodenal.

Discussão

Íleo-biliar é uma obstrução do intestino devido à impactação de cálculos provenientes da vesícula biliar advindos da fístula biliodigestiva. É rara, com incidência de 0,3 a 0,5% das complicações biliares e 4% das causas de obstrução intestinal. A taxa de mortalidade varia de 12-27% e a morbidade chega a 50%. Os sintomas são náuseas, vômitos, distensão abdominal, aumento dos ruídos hidroaéreos com parada da eliminação de flatos e fezes. A investigação inicia-se com RX de abdome agudo, com sinais de suboclusão ou obstrução intestinal, aerobilia e cálculos biliares ectópicos, configurando a tríade de Riegler. A US de abdome, observa-se colelitíase residual, fístula enterobiliar e pneumobilia. A TC de abdome possui uma sensibilidade superior a 90%. O tratamento é cirúrgico. Em pacientes de baixo risco cirúrgico, abordagem com enterolitotomia, ressecção da fístula e colecistectomia no mesmo tempo cirúrgico é a de escolha. Uma opção é a realização de enterolitotomia sem nova programação de reabordagem. Outra alternativa é a abordagem em dois tempos, sendo a enterolitotomia com extração do cálculo no trato digestivo e resolução da causa obstrutiva e após 4-6 semanas uma nova abordagem para resolução da fístula e da colecistopatia.

Palavras Chave

Íleo Biliar
Tríade de Riegler
Abdome Agudo Obstrutivo

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Sociedade Portuguesa de Beneficência - Hospital Imaculada Conceição - São Paulo - Brasil

Autores

Leonardo Claudio Orlando, Régis Rodrigues Balliana, Nathane Silva Mendonça, Leopoldo Miziara Souza, Walter Bengla Mestre Neto, Fernando Von Jelita Salina