Dados do Trabalho


Título

Doença Cística de Via Biliar Todani IVa: relato de caso

Introdução

A doença cística da via biliar é uma afecção rara que consiste em uma má formação congênita da árvore biliar intra e extra-hepática1. Possui incidência maior na população pediátrica, sobretudo no sexo feminino, mas 20% dos casos podem se manifestar na idade adulta, apresentando sinais e sintomas relacionados a complicações.
A ocorrência de cisto de colédoco deve ser considerada como diagnóstico diferencial nos casos de dor abdominal, massa abdominal palpável e icterícia1. Os cistos biliares são clinicamente relevantes devido ao risco de desenvolvimento de neoplasia maligna da via biliar quando não tratado.

Relato de caso

Paciente do sexo feminino, 36 anos, relata episódios intermitentes de dor epigástrica de moderada intensidade com irradiação para hipocôndrio direito há 15 anos, com piora após a ingesta de alimentos gordurosos e melhora após uso de sintomáticos. Foi internada no serviço de cirurgia do Hospital de Referência Estadual Dr.Carlos Macieira. Ao exame físico apresentava-se ictérica (2+/4+), dor abdominal a palpação profunda em epigástrio e hipocôndrio direito, com Sinal de Murphy ausente. A colangioRNM evidenciou vesícula biliar tópica e normodistendida, paredes finas e regulares, com aspecto de cálculos, medindo até 0,8 cm. Acentuada dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas, falha de enchimento com baixo sinal em T2 no terço inferior do hepatocolédoco, a cerca de 1,3 cm da papila duodenal, com aspecto de cálculo, medindo cerca de 1,2 cm, promovendo acentuada dilatação das vias biliares a montante (Figura 1).
O tratamento proposto da doença cística da via biliar com classificação de Todani tipo IVa (Figura 6) foi colecistectomia via aberta com ressecção de via biliar principal e anastomose biliodigestiva hepático-jejunal em Y-de-Roux (Figuras 2, 3, 4 e 5). Com evolução gradual da dieta e sem intercorrências, foi de alta hospitalar no 5º dia pós-operatório.

Discussão

Os cistos do ducto biliar intra e extra-hepáticos podem ser únicos ou múltiplos ao longo de todo o trato biliar. A etiologia ainda é desconhecida, mas a hipótese mais provável é a teoria do longo canal comum sugerida por Babbit4, segundo a qual os ductos colédoco e pancreático formam um canal comum fora do duodeno (anastomose pancreato-biliar) que permite o refluxo de suco pancreático para o sistema biliar, causando inflamação e consequente dilatação das vias biliares, anomalia vista em 85% dos casos5. Em 1959, F. Alonso-Lej et al7, publicaram uma revisão detalhada de 94 observações de cistos da via biliar e descreveram 2 deles, porém estes se apresentavam apenas extra-hepáticos. Em 1977, Todani et al8 dividiram os cistos do ducto biliar em 5 tipos (intra e extra-hepáticos) (Figura 4).
Em função da sua associação com o câncer, a maioria dos autores propõe a ressecção cirúrgica dos cistos, seguida de anastomose biliodigestiva em Y-de-Roux. O procedimento cirúrgico é eletivo, mas deve ser realizado o mais precoce possível para evitar complicações.

Palavras Chave

Cisto do colédoco. Via biliar. Todani.

Área

VIAS BILIARES

Instituições

HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE DR CARLOS MACIEIRA - Maranhão - Brasil

Autores

THIAGO MENDES DE ARAUJO AROSO, INGRID ARAUJO DE MACEDO, CLARA DE ALENCAR ALBINO, MATHEUS DE OLIVEIRA RIZZO, ISABELLA LUIZA ALENCAR BARROS, JOSE MARIA MORAES JUNIOR ASSUNÇAO