Dados do Trabalho


Título

MODIFICAÇAO NO AMBIENTE DE TRABALHO E MUDANÇAS NO TRATAMENTO DO CANCER COLORRETAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: EXPERIENCIA DE UM CENTRO PUBLICO TERCIARIO NA CIDADE DE SAO PAULO

Objetivo

O sistema público de saúde no Brasil tem dificuldade em atender a alta incidência e prevalência do câncer colorretal no país. Seguindo a experiência internacional, o manejo nos cuidados aos pacientes e aspectos técnicos no tratamento do câncer colorretal foram modificados no intuito de superar os desafios e manter o número de cirurgias e a qualidade da assistência médica. O objetivo este trabalho é demonstrar os resultados obtidos no tratamento do câncer colorretal no Hospital Municipal Vila Santa Catarina administrado pelo Hospital Israelita Albert Einstein após o emprego das medidas de prevenção contra a pandemia de COVID-19 terem sido implementadas.

Método

Este estudo retrospectivo realizado no Hospital Municipal Vila Santa Catarina administrado pelo Hospital Israelita Albert Einstein descreve modificações do tratamento oncológico colorretal e compara as cirurgias oncológicas realizadas nas 10 semanas anteriores ao dia 23 de Março de 2020, antes do início da Pandemia e das medidas de segurança serem implementadas, com as 10 primeiras semanas após esta data, durante a vigência da Pandemia de COVID-19

Resultados

Trinta cirurgias oncológicas colorretais foram realizadas nas 10 semanas prévias a pandemia ( grupo 1). Durante a pandemia de COVID-19 quarenta e quatro cirurgias oncológicas colorretais foram realizadas no mesmo intervalo de tempo ( grupo 2). Alterações dramáticas foram realizadas em várias frente da assistência: alteração nos protocolos de cirurgia, alteração na indicação de cirurgia e da terapia neoadjuvante para o câncer de reto, mudança no fluxo ambulatorial, até reformas no centro cirúrgico e no ambulatório. A idade média no grupo 1 foi de 61,8 anos (±10.6) e no grupo 2 de 62,8 anos (sd ±11.0). O acesso laparoscópico foi realizado em 96% no grupo 01 e 95% no grupo 2. A taxa de conversão no grupo 01 foi de 30% enquanto que no grupo 2 de 11,3%. A mediana de tempo de internação foi a mesma nos dois grupos de 3 dias. Complicações graves Clavien-Dindo III e IV foram respectivamente 20% no grupo 01 e 11,3% no grupo 02 p=0,33. Classificação ASA, tempo operatório e o estadiamento patológico foram semelhantes em ambos os grupos com mais de 70% dos tumores sendo pT3 e pT4 em ambos grupos. A principal cirurgia realizada foi a retossigmoidectomia seguida da ressecção anterior com excisão total do mesorreto em ambos os períodos. Nenhum paciente operado, após as mudanças e os protocolos de segurança terem sido implementados, adquiriu infecção por COVID-19 no ambiente hospitalar.

Conclusões

Devido a uma triagem clínica rigorosa, a alterações no fluxo hospitalar, ao uso adequado de equipamentos de proteção individual, a adaptações na terapia neoadjuvante para o câncer de reto e associado a uma equipe multidisciplinar com experiência no tratamento do câncer colorretal foi possível minimizar os riscos de infecção da equipe assistente e dos pacientes, mantendo a mesma qualidade da assistência cirúrgica e oncológica com inclusive um aumento no volume de cirurgias.

Palavras Chave

Câncer colorretal
Câncer de reto
Laparoscopia
Neoadjuvância
Pandemia
COVID-19

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Rafael Vaz Pandini, Victor Edmond Seid, Lucas Soares Gerbasi, Marleny Novaes Figuereiredo, Marilia Marcelino, Ana Sarah Portilho, Sergio Eduardo Alonso Araújo