Dados do Trabalho
Título
RESSECÇAO EM BLOCO DE SILICONE LIQUIDO INDUSTRIAL NAS MAMAS
Introdução
O uso de silicone liquido industrial para modificação estética no contorno corporal é um procedimento realizado desde a década de 80 no Brasil. Mesmo sendo condenado e proibido pela comunidade médica devido aos riscos para o corpo, à aplicação desse material ainda é uma prática muito prevalente. Entre as complicações estão infecções, deformidades, necroses teciduais, embolia pulmonar e morte.
Relato de Caso
V.V.G., 47 anos, masculino, sem histórico de morbidades prévias, procurou HCSV com desejo de retirar 1 litro de silicone líquido industrial injetado em cada mama há 20 anos. Ao exame físico apresentava mamas de grande volume, ptose mamária de 26 cm da fúrcula ao complexo aréolo-papilar (CAP), nódulos palpáveis em região lateral da mama esquerda e ausência de hiperemia, abcessos, fistula ou sinais de epidermólise. Em mamografia evidenciou BIRADS 0, compatível com silicone livre em partes moles difusamente em ambas as mamas. No ato cirúrgico foi realizado incisão, descolamento e ressecção em bloco de tecido glandular mamário e subcutâneo com achados de pontos de calcificações e tecido endurecido em algumas áreas de extravasamento do silicone. Evoluiu no pós-operatório em leito de enfermaria sem queixas. Retornou ao serviço devido abaulamento na região inferior da ferida operatória em que foi puncionado 150 ml de coleção serosanguinolenta. Após este procedimento permaneceu estável.
Discussão
Devido à natureza ilegal da Injeção cosmética de silicone liquido industrial, existem poucos relatórios de reações agudas, uma vez que os pacientes relutam em procurar atendimento médico, exceto em circunstâncias com risco de vida. No caso relatado acima o paciente, mesmo não apresentando reações sistêmicas, procurou o serviço na tentativa de remover o produto e retomar o aspecto masculino do tórax. O exame físico demonstrou nódulos palpáveis na região lateral da mama esquerda compatíveis com uma possível reação de corpo estranho. Essa reação de corpo estranho ocasionada pelo uso do silicone industrial ganhou termo próprio “siliconoma” e é o achado mais frequente da mastopatia por silicone. A estrutura desse material apresenta superfície irregular, não podendo ser fagocitada, formando eventualmente granulomas. No presente relato de caso a ultrassonografia foi essencial para avaliação das áreas mamárias possibilitando a conclusão do diagnóstico. A proposta cirúrgica consistiu em resseção em bloco de tecido glandular mamário, subcutâneo e silicone industrial com reenxerto de CAP, pórem, no intraoperatório, foi observado grande quantidade de fibrose de tecido celular subcutâneo, sendo optado pela não realização da enxertia a fim de evitar possível necrose tecidual. A abordagem mais conservadora utilizando a aspiração com cânulas do silicone foi descartada por não ser técnica recomendada para tratamento dos siliconomas, uma vez que a fibrose tecidual torna difícil a remoção por este método e há risco de lesão às áreas adjacentes não acometidas.
Palavras Chave
Silicone líquido industrial; Mamas; Ressecção
Área
CIRURGIA PLÁSTICA
Instituições
FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ - São Paulo - Brasil
Autores
DANIELLE DE ARAUJO BATTISTONI, RAPHAEL FREITAS RAFAEL, LARISSA LUHI LIN, GABRIELA CARVALHO SEGUIN