Título

NEOPLASIA MUCINOSA DE BAIXO GRAU EM APENDICE CECAL: RELATO DE CASO

Introdução

A neoplasia mucinosa de baixo grau é um tipo de tumor incomum que acomete o apêndice cecal, com uma incidência de 0,2 a 0,4% dos pacientes submetidos à apendicectomia¹. Está associada ao achado macroscópico de mucocele em apêndices ectásicos²⸴³, com risco de complicação em pseudomixoma peritoneal, principalmente quando há ruptura das lesões com disseminação de células neoplásicas³. Seu diagnóstico raramente se faz no pré-operatório, por sua apresentação clínica mimetizar o quadro de abdome agudo inflamatório do órgão ou mesmo ser um achado incidental em outras cirurgias ou exame físico.⁴⸴⁵ Neste trabalho, reportamos um caso de ressecção tumoral de apêndice cecal por neoplasia mucinosa de baixo grau.

Relato de Caso

Paciente do sexo masculino, 52 anos, com história de distensão abdominal e nodulação palpável em fossa ilíaca direita (FID). Ao exame físico, confirmado massa palpável em FID, indolor, sem sinal de irritação peritoneal. Solicitado ultrassonografia, onde notou-se massa complexa hipoecoica em FID, com contornos bem definidos, medindo 12,0 x 4,8 x 6,0 cm; colonoscopia, sem alterações; e tomografia computadorizada de abdome total, evidenciando formação cística em FID, sugestivo de cisto mesenterial. Foi realizada laparotomia exploradora com incisão mediana infraumbilical. Ao inventário da cavidade observamos ausência de ascite ou sinais de carcionomatose peritoneal, identificando tumoração em apêndice cecal. Posteriormente realizou-se exérese de tumoração de apêndice e retirada da peça que foi enviada para análise histopatológica, com laudo de neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice cecal, com margem cirúrgica livre de neoplasia. O paciente evoluiu com alta, sem complicações cirúrgicas.

Discussão

O prognóstico das neoplasias epiteliais de apêndice cecal está relacionado ao seu tipo histopatológico⁶⸴⁷. Porém, a literatura evidencia ainda que a não suspeição precoce de uma quadro de neoplasia mucinosa pode predispor o paciente às complicações possivelmente evitáveis, como o pseudomixoma peritoneal por ruptura iatrogênica de apêndice, em que numa abordagem de apendicite não causaria tais repercussões.⁸⸴⁹. Sua baixa incidência no serviço de cirurgia, no entanto, limita a experiência e compreensão desta patologia, sendo por este motivo imprescindível a discussão de relatos de casos, a fim de difundir seus aspectos clínicos e terapêuticos. O relato acima traz uma abordagem semelhante aos casos da literatura, com difícil diagnóstico feito apenas no intraoperatório, apesar do suporte dos exames de imagem realizados no pré-operatório. Contudo, a paciente evoluiu bem, sem intercorrências posteriores.

Palavras Chave

Neoplasia mucinosa; Apêndice Cecal; apendicectomia