Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO CONSERVADOR DO PNEUMOPERITONIO – UM RELATO DE CASO

Introdução

O abdome agudo é caracterizado por dor abdominal súbita e/ou progressiva, um quadro frequente em unidades de emergência e, devido a sua gravidade, necessita de diagnóstico e manejo adequados.
Este relato descreve um caso de tratamento não-operatório de pneumoperitônio, com bom desfecho.

Relato de Caso

SVP, masculino, 76 anos. Encaminhado por distensão abdominal há 1 mês com pneumoperitônio identificado em unidade de pronto atendimento. Portador de diarreia crônica secundária a hiperproliferação bacteriana e divertículos de jejuno e íleo
Ao exame estava em bom estado geral, sem alterações nos sinais vitais, abdome distendido, indolor, sem peritonite. Sem alterações no toque retal.
Como paciente apresentava evolução arrastada e exame físico frustro, além de sinais vitais estáveis, realizou-se uma tomografia de abdome com achado de pneumoperitônio moderado, ausência de líquido livre ou coleções.
Optou-se por tratamento não-operatório com jejum por 48 horas, hidratação e avaliação seriada. Após liberação da dieta manteve estabilidade de quadro, sem alteração de exame físico ou sinais vitais, recebeu alta no 3º dia de internação mesmo com radiografia que ainda evidenciava pneumoperitônio discreto.
Realizou antibioticoterapia com cobertura para Gram negativo e anaeróbios por 7 dias, e retornou para reavaliação. Apresentava-se bem, boa aceitação de dieta, sem alteração de hábito intestinal e radiografias sem achados de pneumoperitônio ou distensão de alças. Novo retorno no 11º dia após a alta hospitalar com estabilidade de quadro e retorno às atividades habituais.

Discussão

O abdome agudo perfurativo é condição responsável por grande parte dos atendimentos de urgência. Classicamente, se apresenta com achado de pneumoperitônio. Na maioria dos casos com conduta cirúrgica, visto que o atraso em seu tratamento é fator determinante para alta morbimortalidade.
O manejo não-operatório do pneumoperitônio tem espaço em casos selecionados, nos quais se apresenta oligossintomático e sem repercussões sistêmicas, uma vez que poupa o paciente de procedimentos invasivos, e suas potenciais complicações. Neste relato, temos um paciente presumidamente portador de perfuração de divertículo jejunal, com sintomatologia de duração prolongada, sem repercussão sistêmica, e elegível para tratamento conservador. Tal conduta é descrita com desfecho favorável em até 86% em casos de diverticulite aguda complicada com pneumoperitônio pequeno, sendo o principal fator associado a falha, a presença de ar distante não confinado ao cólon.
Para se estabelecer uma conduta não cirúrgica é necessário o reconhecimento do paciente que se beneficiaria da mesma, e garantia de seguimento rigoroso, com reavaliações constantes, exames disponíveis e equipe treinada para intervenção em caso de evolução desfavorável.
Vemos assim, que, o tratamento não-operatório é uma boa opção terapêutica, que exige do médico a capacidade, não apenas cirúrgica, mas também de individualização e reconhecimento do paciente como um todo.

Palavras Chave

Abdome agudo, tratamento conservador, pneumoperitônio

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Universidade São Paulo - Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

Gustavo Costa Marques Lucena, Jean Clever Bido Cesário, Ana Carolina Mongelli Trindade, Thiago Henrique Sigoli Pereira