Dados do Trabalho
Título
TRAUMA PANCREATICO CONTUSO TARDIO COM LESAO GRAU III EM CENARIO PEDIATRICO: UM RELATO DE CASO
Introdução
O trauma é a maior causa de morbidade e mortalidade pediátrica. Dentre as diversas topografias, o trauma contuso de abdome está associado a lesões de pâncreas em 5% dos casos. Objetivou-se relatar um caso de trauma pancreático contuso tardio conduzido de modo conservador em um hospital pediátrico de referência.
Relato de Caso
EGT, masculino, 8 anos, apresentou-se com dor abdominal com piora pós-prandial e ao movimento, e náuseas. Relatou que há 10 dias sofreu trauma abdominal por guidão de bicicleta, com permanência da marca da lesão. Em exames laboratoriais observou-se leucocitose e elevação de amilase e lipase. Realizou-se tomografia de abdome (TC) que revelou presença de líquido livre abdominal, suspeita de laceração pancreática e pseudocisto. A conduta foi conservadora baseada em jejum e antibioticoterapia devido a estabilidade clínica. Solicitou-se colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) que mostrou presença de líquido livre em cavidade peritoneal, lesão traumática em transição colo-corpo pancreático, lesão ductal e formação de trajeto fistuloso até uma coleção lobulada (160 ml), classificando-se em lesão grau III segundo a American of Association for the Surgery of Trauma. Após 13 dias do trauma, o paciente apresentou evolução favorável e diminuição das enzimas pancreáticas, além de redução do pseudocisto à ultrassonografia (USG), e reintroduziu-se a dieta oral. Após, o paciente evoluiu com piora do quadro laboratorial e prescreveu-se jejum novamente. Repetiu-se a CPRM, com redução da quantidade de líquido livre peritoneal e coleção peripancreática, e aumento da coleção lobulada (220 mL). Realizou-se a CPRM após 31 dias, com resolução de fístula e coleção peripancreática e redução da coleção lobulada (2 ml). E, por fim, repetiu-se a CPRM de controle um mês do último exame, com resolução do quadro, exceto por estenose do ducto principal com dilatação a montante.
Discussão
O trauma pancreático contuso na população pediátrica é relativamente raro. Aquele decorrente do guidão da bicicleta é uma das etiologias mais comuns, podendo ocasionar uma marca na parede abdominal. Inicialmente, o quadro é inespecífico, com dor abdominal ou mal estar. A investigação é realizada através de exames complementares: lipase, amilase, provas inflamatórias, USG, TC, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e CPRM. Há pouca concordância sobre o manejo. Para lesões graus I e II, prioriza-se o tratamento o conservador, e para graus III, IV ou V a exploração cirúrgica pode ser associada. Ressalta-se que na literatura atual, não há produção científica acerca do manejo do trauma pancreático grau III em fase tardia tal como o caso relatado neste estudo. As taxas gerais de complicações após lesão pancreática variam de 8 a 45%, com o pseudocisto e as fístulas sendo as mais comuns. Diante do exposto, o caso relatado agrega à comunidade científica por trazer uma lesão grau III com tempo de evolução avançado.
Palavras Chave
Trauma pancreático contuso, Lesão pancreática, Pediatria
Área
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Instituições
Faculdades Pequeno Príncipe - Paraná - Brasil
Autores
Rafaella Monteiro Barbosa, Jefferson Wrublack Cuba, Giovana Camargo de Almeida